A Prevenção Rodoviária Portuguesa desenvolveu durante o último mês um estudo observacional no concelho de Lisboa. Com o objetivo de observar o comportamento dos peões aquando do atravessamento da via em passagens de peões sinalizadas e com sinalização semafórica, foram selecionados 20 locais pela cidade de Lisboa que resultassem numa amostra o mais diversificada possível.

As distrações observadas aquando do atravessamento da estrada incluíam peões a falar com o telemóvel na mão (5,7%), a manusear o telemóvel (texting, consulta de redes sociais ou e-mail) (4,8%) e a usar auriculares/auscultadores (5,9%). Com a análise dos 5.223 peões observados concluí-se que 15,6% estavam envolvidos em pelo menos uma das três atividades.

Os dados da sinistralidade no concelho de Lisboa mostram que entre 2010 a 2015 mais de metade (54%) das vítimas mortais de acidentes rodoviários eram peões. Este grupo vulnerável representou ainda 46% do total de feridos graves e 23% dos feridos leves.

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Para José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, "assim como os condutores que enviam mensagens, falam ao telemóvel ou consultam as redes sociais aumentam o risco de se envolverem em acidentes, os peões distraídos com os mesmosdispositivos também se colocam em maior risco de se verem envolvidos num acidente"

Vários estudos internacionais mostram que as pessoas que andam enquanto falam ao telemóvel se tornam mais imprevisíveis e apresentam comportamentos de risco.

"Sendo a distração um dos fatores que contribui para o aumento quantitativo do risco de acidente, tanto nos peões como nos condutores, importa perceber a influência quantitativa que a utilização do telemóvel por parte dos peões tem na sinistralidade rodoviária, pelo que se torna necessário o desenvolvimento de estudos nesta matéria", conclui o especialista.