
Um estudo da Quercus revela que os utentes do Metro de Lisboa estão sujeitos a ruído que pode afetar a saúde, provocando problemas como cansaço, zumbidos nos ouvidos ou aumento do ritmo cardíaco, apontando que cinco troços apresentam níveis mais elevados.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz do Movimento de Utentes do Metro de Lisboa, Aristides Teixeira, considerou que o estudo é “muito importante” e “bem-vindo”.
“É um alerta muito importante. Como utentes do metro, nós apercebemo-nos, ninguém é indiferente ao ruído elevado mas, como não somos especialistas, não sabíamos até que ponto este ruído estava a interferir com a nossa saúde. Por isso, a empresa deve tomar medidas relativamente à situação”, salientou.
Na opinião do porta-voz do Movimento de Utentes do Metro de Lisboa, a Transportes de Lisboa deve avançar com as medidas necessárias para ajudar a diminuir os níveis de ruído, acatando as sugestões da Quercus.
“Contudo, isto entra no reino da fantasia, porque o metro nem sequer tem capacidade de ter em dia a manutenção das estações. Quase diariamente, as pessoas são confrontadas com as escadas avariadas, ou os elevadores e até os torniquetes”, disse.
De acordo com o estudo da Quercus, os troços em que se deteriam os níveis mais elevados de ruído foram os do "Cais do Sodré–Rossio, Cidade Universitária–Entrecampos, Senhor Roubado–Ameixoeira, Chelas–Oriente e Pontinha–Carnide, com valores que ultrapassaram, na maioria dos casos, os 85 decibéis.
"Verificamos que em todos os percursos foram medidos níveis médios de ruído superiores a 80 decibéis, o que pode representar um risco para a saúde dos passageiros, sobretudo para os grupos de crianças e idosos e para os operadores do Metropolitano", nomeadamente a perda auditiva, disse hoje à agência Lusa Mafalda Sousa, da associação de defesa do ambiente.
A Quercus acrescenta que, mesmo nos troços mais recentes da rede, como a linha vermelha, entre as estações do Oriente e do Aeroporto, "foram registados níveis sonoros médios superiores a 84 decibéis em todas as medições".
A partir dos 70 a 75 decibéis, o corpo humano começa a ter reações ao ruído (físicas, mentais ou emocionais), e "uma exposição de média-longa duração a um ruído intenso pode provocar zumbidos nos ouvidos, aumento da produção de adrenalina, contração dos vasos sanguíneos, aumento da pressão sanguínea e do ritmo cardíaco", explica o trabalho da Quercus.
Entre as medidas pontadas para reduzir o ruído no Metro estão a correta insonorização do habitáculo das carruagens, a adoção de rodas com maior capacidade de amortecimento e de sistemas de ventilação mais silenciosos, sendo também aconselhado que, em futuras expansões da rede, seja reduzida a propagação do barulho, através da correta escolha dos materiais.
Comentários