De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Odemira, José Alberto Guerreiro, o Serviço de Urgência Básica (SUB) é assegurado por médicos prestadores de serviços, no âmbito de um contrato com uma empresa de contratação de mão-de-obra.

No entanto, "com frequência", os médicos tarefeiros escalados faltam e a empresa não os consegue substituir, sendo os clínicos da Unidade de Saúde Familiar a "colmatar" a falha, explicou hoje à agência Lusa o autarca de Odemira, no distrito de Beja.

Até há pouco tempo, segundo José Alberto Guerreiro, prestavam serviço no Centro de Saúde de Odemira três médicos portugueses, um espanhol e nove cubanos, seis dos quais ao abrigo do protocolo existente entre Portugal e Cuba.

Em meados deste mês, acrescentou, os contratos de dois dos clínicos cubanos terminaram, fragilizando a resposta do SUB, situação que o autarca considera "preocupante".

O incumprimento "sistemático" da empresa de prestação de serviços deve-se, no entender do presidente do município, ao valor horário pago aos médicos tarefeiros, "dos mais baixos que se praticam no país" e que "quase não dá para o transporte" dos clínicos que vivem noutras zonas.

José Alberto Guerreiro considera que a situação "não é apenas da responsabilidade da gestão" da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), na qual Odemira está integrada, cabendo ao Ministério da Saúde resolver, "primeiro que tudo", o problema da "falta de meios" que afeta toda a sub-região.

A presidente da ULSLA, Maria Joaquina Matos, já se tinha manifestado preocupada com a situação de Odemira, quando, há pouco mais de um mês, 16 chefes de equipa do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica do Hospital do Litoral Alentejano, sediado em Santiago do Cacém, se demitiram.

"A escala para março que está mais longe de poder ser aprovada pelo Conselho de Administração é a [do SUB] de Odemira, a que tem mais turnos em aberto sem médico", afirmou na altura aos jornalistas.

"Temos [em Odemira] cinco médicos do nosso mapa, dos quais só dois fazem serviço de urgência e um está de atestado de longa duração. Depois temos mais seis ou sete médicos cubanos e a seguir vamos comprar serviços", explicou Maria Joaquina Matos.

A necessidade de recorrer à prestação de serviços faz com que "todos os dias" sejam "uma caixinha de surpresas", admitiu a administradora, que defende que Odemira deveria ter um SUB com "o máximo possível de autossuficiência".

Maria Joaquina Matos acabou ainda por reconhecer que, em alguns horários, poderia não haver médico no serviço para consultar os doentes.

Desde então, a Lusa tem vindo a solicitar à ULSLA para atualizar a informação sobre a situação do SUB de Odemira, mas a administração da entidade não prestou mais esclarecimentos.