O "Programa de Intervenção em crianças e adolescentes para promoção da Aptidão Física, Atividade Física e Conhecimentos Alimentares" (AFINA-te) foi criado por investigadores do Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
Em declarações à Lusa, o coordenador do projeto, José Carlos Ribeiro, indicou que "cerca de 33 a 34% dos jovens apresenta excesso de peso ou obesidade e mais de 60% são insuficientemente ativos".
A investigação, onde participaram entre 1000 a 1500 jovens, entre os 12 e os 18 anos, teve duas fases e decorreu durante um ano escolar.
Na primeira etapa foram avaliados os conhecimentos e as práticas alimentares dos alunos, através de um questionário, e os conhecimentos e os níveis de atividade física.
Com resultados obtidos os participantes foram submetidos a uma intervenção, tendo sido essa a segunda fase do projeto.
No ‘website' criado pelos investigadores, no qual os participantes têm acesso a uma página personalizada, estão disponíveis dados relativos ao seu peso, à sua estatura, ao seu índice de massa corporal, à sua percentagem de massa gorda, entre outras informações.
A plataforma eletrónica é composta por um conjunto de módulos distintos, cada um deles com um contador de 60 minutos incorporado, que permitiu aos investigadores verificar quanto tempo o aluno passou nas diferentes páginas.
Esses dados foram utilizados na segunda avaliação, ao fim de nove meses, para perceber se a exposição a determinados conteúdos procurados pelos alunos no ‘website' AFINA-te influenciou ou não a alteração dos comportamentos avaliados inicialmente.
Uma vez por mês, ao longo do período de intervenção, foram efetuadas intervenções com os pais, nas quais nutricionistas e pessoas da área do desporto forneceram dados sobre a alimentação e hábitos a adquirir.
"Tentámos, dessa forma, não só alterar as atitudes dos jovens quanto à alimentação, mas também a atitude dos pais", esclareceu o coordenador, acrescentando que estes são responsáveis, em grande parte das vezes, pelo tipo de alimentação do aluno, "em casa e fora dela".
Caso o projeto continue, os investigadores pretendem levar às escolas profissionais da área alimentar (cozinheiros, por exemplo) que possam demonstrar como confecionar, de uma forma mais saudável, alguns dos alimentos mais procurados pelos jovens.
"A ideia é dar continuidade ao projeto para saber até que ponto efetivamente funciona e, caso os resultados sejam positivos, disponibilizar o ‘website' para toda a comunidade", acrescentou o coordenador.
Para o AFINA-te foram ainda desenvolvidos conteúdos para motivar os jovens, como jogos, slides, conversores, informações para interpretar os rótulos dos produtos alimentares e sobre as práticas desportivas.
Segundo José Carlos Ribeiro, já foram analisadas algumas escolas de Bragança e Guimarães e, neste momento, estão a intervir na Escola Básica e Secundário de Airães, em Felgueiras.
O AFINA-te contou com a colaboração de membros do CIAFEL e dos investigadores Pedro Moreira, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, e Vera Ferro-Lebres, do Politécnico de Bragança.
Este programa foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), por um período de dois anos, em cerca de 130 mil euros, e a equipa de investigação tenta agora um novo financiamento para dar continuidade ao projeto.
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