O Bloco de Esquerda (BE) apresenta-se hoje com um caixão nos hospitais de Ovar, S. João da Madeira e Espinho, alertando para o "provável encerramento" dessas unidades, que têm perdido várias valências e sobrelotando as que as substituem.

A explicação foi avançada por Moisés Ferreira, da Mesa Nacional do partido: "Estes três hospitais estão numa situação comum de desmantelamento estrutural dos seus serviços e a grande questão é saber se são para encerrar de vez ou para serem privatizados".

No caso do hospital de Ovar, esse responsável defende que a "morte gradual" dessa estrutura está patente no desaparecimento dos serviços de Pediatria, Maternidade e Urgências. Em S. João da Madeira, por sua vez, o hospital "deixou de ter internamento ao fim de semana, perdeu as Urgências, tem visto reduzido o horário de serviços como o Raio-X e ficou com menos pessoal em Psiquiatria". Já em Espinho, "a tendência é a mesma e o fim das Urgências teve um grande impacte" na comunidade.

"Acresce que uma comissão nomeada pelo Governo emitiu um estudo a dizer que as Consultas Abertas que vieram substituir as Urgências são para encerrar definitivamente. E há ainda que considerar que, se a situação agora já é má, não vai ficar melhor com o corte de 750 milhões de euros no orçamento da Saúde para 2012 - o que representa cortar 10 a 15 por cento do Serviço Nacional de Saúde no país todo", realça Moisés Ferreira.

Para o responsável do BE, podem ainda não haver certezas quanto ao futuro das unidades hospitalares de Ovar, S. João da Madeira e Espinho, mas "uma coisa é certa: vão ser retirados à população serviços importantes e as pessoas ainda vão ter que pagar mais pelo acesso à Saúde, quando, afinal, veem reduzida a oferta e a qualidade da oferta que ainda existe".

Moisés Ferreira garante que a perda de qualidade na Saúde é, aliás, "inevitável", uma vez que o encerramento de serviços em determinados hospitais "obriga sempre ao reencaminhamento de utentes para outras unidades, que, assim, ficam sobrecarregadas".

No caso de Espinho, os utentes são encaminhados para as estruturas de Gaia, mas é a situação de Ovar e S. João da Madeira que o responsável do BE considera mais alarmante: "Os utentes desses hospitais passam a ir para o Hospital de S. Sebastião, na Feira, que na altura da sua construção foi pensado para servir 185 mil utentes e neste momento tem a seu cargo 280 mil", explica.

"Isso quer dizer que quase duplicou a sua área de intervenção", realça Moisés Ferreira, "e claro que isso tem efeitos negativos na qualidade da resposta ao utente".

Durante a manhã, o BE compareceu de caixão nos hospitais de Ovar e S. João da Madeira. Hoje à tarde, faz o luto pelo desaparecimento dos serviços de Saúde junto à entrada do hospital de Espinho.

08 de novembro de 2011

@Lusa