Estas medidas são anunciadas no mesmo dia em que a organização não-governamental britânica Oxfam (focada em problemas como a pobreza e as desigualdades) exortou os líderes africanos a manterem as promessas de investimento em sistemas de saúde naquele continente.

O comissário da UA para os assuntos sociais, Mustapha Sidiki Kaloko, assegurou que o centro africano de prevenção e de controlo de doenças estará operacional até meados deste ano.

“É uma realidade, vai realizar-se”, afirmou Kaloko, indicando que o mais urgente será a criação de um “sistema de alerta precoce” para a deteção de epidemias.

“Devemos estar prontos para a próxima vez, não seremos apanhados de surpresa”, reforçou o comissário, precisando que o projeto vai arrancar com um centro de coordenação no seio da UA. Posteriormente vão ser criados oito centros regionais.

Um fundo de solidariedade para a luta contra o Ébola será lançado na sexta-feira em Adis Abeba, durante a cimeira dos chefes de Estado e de governo da organização.

A UA foi criticada por ter levado muitos meses a reagir à epidemia de Ébola, que começou há quase um ano e que fez 9.000 mortes em vários países da África Ocidental, nomeadamente na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

“É tempo de África mobilizar os seus próprios recursos de apoio ao desenvolvimento e assumir o controlo do seu próprio destino”, declarou hoje a presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, que esperou cerca de sete meses antes de visitar os países mais afetados pela epidemia.

Num comunicado, a Oxfam apelou hoje para a criação de um “Plano Marshall em massa pós-Ébola”, numa referência ao programa norte-americano destinado a recuperar as economias dos países do ocidente e sul da Europa após a Segunda Guerra Mundial.

“Esta catástrofe poderia ter sido evitada se os governos africanos tivessem estabelecido sistemas de saúde gratuitos e se tivessem investido mais na saúde pública, em conformidade com os compromissos assumidos há 14 anos na declaração de Abuja (Nigéria)", salientou a organização não-governamental britânica.

Para a Oxfam, a atual “arquitetura” no continente africano de deteção precoce de doenças, de resposta e de controlo é “globalmente inadequada".