Publicada pelo jornal "The New York Times", a reportagem diz que os representantes norte-americanos, numa reunião anual da OMS em Genebra no mês de maio, tentaram eliminar um trecho da resolução sobre alimentação de bebés e crianças pequenas. O trecho convidava os estados-membros a "proteger, promover e apoiar" o aleitamento materno localmente.

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Os norte-americanos teriam feito pressão sobre o Equador a fim de que o país deixasse de propor a resolução. Mas se os equatorianos tivessem cedido, a Rússia teria sugerido uma resolução parecida com a de Quito.

Frase aprovada

A frase foi finalmente aprovada e figura num documento disponível na internet. "O artigo do New York Times sobre o aleitamento deve ser denunciado. Os Estados Unidos apoiam profundamente o aleitamento, mas nós pensamos que as mulheres não devem ser impedidas de usar o leite em pó. Muitas mulheres precisam dessa opção, devido à desnutrição e à pobreza", escreveu Donald Trump na sua conta no Twitter.

O Departamento de Estado norte-americano qualificou como "falsa" a ideia de que Washington teria ameaçado um país parceiro.

Entretanto, um representante diplomático concordou que os Estados Unidos estimam que "a resolução, tal como está redigida, convoca os Estados a colocar obstáculos às mães". "Nem todas as mães podem amamentar por várias razões", comentou o representante.

O Equador, por sua vez, defende ter lutado para que a resolução fosse aprovada. "Nós nunca sucumbimos aos interesses particulares ou comerciais, nem a nenhum outro tipo de pressão", declarou a ministra da Saúde, Veronica Espinosa, citada pela agência de notícias France Presse.

Aleitamento materno exclusivo

A OMS incentiva o aleitamento materno exclusivo até aos seis meses de vida do bebé e o parcial quando a criança tem entre seis meses e dois anos ou mais, especialmente em países pobres, onde as mulheres amamentam mais frequentemente e durante mais tempo do que nos países desenvolvidos.

Em 2015, o mercado do leite em pó foi avaliado em 47 mil milhões de dólares, segundo a Euromonitor International.