Em entrevista à agência Lusa, Joaquim Luís Faria, docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e um dos responsáveis pela unidade curricular ‘InovPed’, intitulada “Comunicação de Ciência para Audiências não Especializadas”, contou que o curso surgiu da necessidade de “levar para fora dos laboratórios aquilo que lá é desenvolvido, através de uma linguagem acessível à maioria das pessoas”.

“As pessoas já partem com uma ideia preconceituosa da química, mas a química é muito mais parte da solução do que parte do problema. O problema é que o vocabulário da química é muito específico e é necessário criamos um vocabulário que as pessoas entendam e que não seja uma barreira, mas sim, uma porta de comunicação”, apontou o professor de Engenharia Química.

Em 2017, Joaquim Luís Faria começou, juntamente com dois colegas da Faculdade de Ciências (FCUP) e da Faculdade de Letras (FLUP), a trabalhar no curso, que alicerçado nas áreas das letras, ciências e engenharias, visa “o desenvolvimento de competências transversais” de 20 estudantes de doutoramento e investigadores das três instituições.

“A ideia é desenvolver competências com uma metodologia sistemática, para que jovens investigadores e doutorados consigam melhorar a essência da sua comunicação, não só em comunicar em congressos da sua área, mas com alunos mais jovens e terem ações nas suas juntas de freguesia e câmaras municipais”, esclareceu o docente.

O curso, que arranca no dia 21 deste mês, vai ser lecionado em quatro sessões e abordar temas como a “divulgação e envolvimento com o público”, as “estratégias mediáticas” e a “multimédia e comunicação de ciências”.

“Esperamos que este curso crie a consciência no âmbito da comunidade académica que nós temos de formar os nossos estudantes integralmente e formar integralmente não pode ser só um chavão. Eles têm de ter conhecimentos, caso contrário toda esta comunicação é vazia”, acrescentou Joaquim Luís Faria.

As unidades curriculares ‘InovPed’ foram, durante este ano letivo, implementadas pela primeira vez na Universidade do Porto e são uma das “prioridades” da instituição, disse, em declarações à Lusa, o pró-reitor da inovação da U.Porto, João Veloso.

“No início tínhamos algum receio a propósito da dispersão geográfica das nossas faculdades, isto porque não temos um campo concentrado, mas o certo é que as inscrições esgotaram. Os relatórios de satisfação que estamos a recolher são altamente reveladores e todos os participantes consideraram esta experiência riquíssima e enriquecedora”, frisou João Veloso.