O aumento de doações de órgãos em vida é a única maneira de Portugal conseguir reduzir as listas de espera de transplantes, defendeu à Lusa o nefrologista Morais Sarmento, presidente das comemorações do 3.º Dia do Transplante.
Esta sessão comemorativa decorre hoje, pelas 10:00, no Hospital de S. João, no Porto, e visa homenagear “todos os dadores” de órgãos.
Em declarações à Lusa, Morais Sarmento lembrou que Portugal é o segundo país com mais doações de órgãos por habitante, “um motivo de orgulho para um país deprimido como o nosso”.
No seu entender, a legislação portuguesa sobre doações de órgãos “é favorável”, permitindo a Portugal estar no topo do 'ranking', mas a verdade é que ainda há muitos doentes em lista de espera, “porque o número de doações não acompanha o número de doentes”.
Morais Sarmento considerou que apenas o aumento do número de doações em vida pode “equilibrar” a atual situação e defende a realização de “campanhas de informação” sobre esta temática.
“As pessoas têm receio de dar um órgão que um dia mais tarde lhes pode fazer falta”, disse, acreditando ser “possível diminuir os receios”.
Para comemorar o 3.º Dia do Transplante, data que marca também os 42 anos da realização do primeiro transplante em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Transplantação e a Novartis reúnem no S. João profissionais de saúde, doentes transplantados e familiares de todo o país.
“No dia em que o homem foi à lua fez-se em Portugal o primeiro transplante, de rim”, acrescentou.
As comemorações culminarão com a plantação da “Árvore da Vida”, por parte de transplantados, que simbolizará a dádiva de órgãos que os doentes receberam.
É também na quinta-feira que se assinala o Dia Mundial do Transplante, data que a SPT pretende institucionalizar como Dia Nacional do Transplante.
Para conseguir institucionalizar a data, a sociedade promove atualmente uma petição, que pode ser assinada online em www.spt.pt/peticao.
De acordo com dados divulgados pela SPT, o número de doações permitiu, no ano passado, a realização de 573 transplantes renais, por exemplo, o que contribuiu para uma redução de 8,6% nas listas de espera e para contrariar curva descendente iniciada neste indicador em 2007.
Desde 1980, ano em que os transplantes de rim começaram a ser feitos de forma consistente em Portugal, realizaram-se um total de 9.237 transplantes renais. No caso dos transplantes cardíacos, o número é de 558 desde 1986, tendo-se realizado 50 cirurgias no ano passado.
20 de julho de 2011
Fonte: Lusa
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