"Este é o primeiro estudo que mostra que, usando essa informação, podemos melhorar o tempo de vida dos pacientes", explicou à Agência France-Presse o professor Jean-Yves Pierga, chefe do departamento de oncologia médica do Instituto Curie, onde o estudo foi realizado.

Mulheres com cancro da mama com metástases denominadas "sensíveis a hormonas" (o mais comum) são mais frequentemente tratadas com terapia hormonal, enquanto a quimioterapia, que produz pesados efeitos colaterais, é reservada para pacientes com formas mais graves da doença.

Mas atualmente, "os critérios que permitem aos médicos avaliar essa seriedade e, portanto, a escolha do tratamento permanecem incertos", ressalvam em comunicado o Instituto Curie e a Universidade de Versalhes Saint-Quentin-en-Yvelines.

Num ensaio clínico que incluiu 778 pacientes de 15 hospitais franceses, metade teve o seu tratamento escolhido com base na avaliação do médico e a outra metade com base nas suas células tumorais circulantes (CTC).

Para 300 dos pacientes, o tratamento indicado com base na análise das células tumorais circulantes não correspondia àquele que o médico tinha escolhido.

E, de acordo com os investigadores, "mulheres que foram tratadas com terapia hormonal de acordo com o médico, mas que finalmente receberam quimioterapia devido à elevada taxa de CTC no sangue, viram o seu tempo de vida aumentar".

Estes resultados, apresentados no Simpósio sobre o Cancro de San Antonio, Texas, pelo professor François-Clément Bidard, um oncologista do Instituto Curie, convidam "a combinar as duas abordagens para guiar as escolhas terapêuticas: a perspectiva do clínico e a dosagem do CTC", afirmou o pesquisador.

Este estudo foi financiado principalmente pelo Instituto Nacional do Cancro (INCa) com "uma pequena contribuição" da CellSearch, empresa americana que fornece tecnologia de dosagem de CTC, disse Pierga. Os seus resultados serão posteriormente publicados numa revista científica, acrescentou.