“Vamos reforçar junto da tutela o pedido de demissão imediata do presidente do INEM. Já o tínhamos feito antes, quando os casos foram denunciados, mas vamos reforçar o pedido outra vez, porque este senhor não tem condições para estar no cargo. Aliás, se tivesse decoro, já se tinha demitido ele próprio há muito tempo”, disse hoje à agência Lusa o presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE).

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) recomendou ao ministro da tutela a instauração de um processo disciplinar ao presidente do INEM por ter privilegiado uma doente ao acionar um helicóptero.

Em causa está a conduta do médico e major Paulo Campos ao acionar um helicóptero para transportar uma doente terminal do Hospital de Cascais para o de Abrantes. O presidente do INEM terá violado os deveres profissionais ao privilegiar uma doente amiga.

Em declarações à Lusa, o presidente do STAE, Ricardo Rocha, disse não ter ficado surpreendido com as conclusões do relatório do IGAS.

“Surpreende-nos sim que o ministro da Saúde não o tenha demitido, que não tenha tomado uma decisão quanto ao caso”, salientou.

Ricardo Rocha disse que ainda não viu o relatório, mas tinha conhecimento do seu conteúdo.

“Agora, só esperamos que o Governo assuma as suas responsabilidades, que assuma que fez a escolha errada. Nós não somos loucos para denunciar coisas que não existem. Todas as coisas denunciadas até agora ocorreram e o IGAS é claro e acutilante diante da atitude do presidente do INEM”, frisou.

O presidente do STAE disse ainda que vai aguardar por uma decisão do Ministério da Saúde quanto ao caso.

“Se o IGAS diz que há procedimento disciplinar e o ministério não o demitir, então este [presidente do INEM] tem carta-branca para fazer aquilo que quiser”, concluiu.

Também a comissão de trabalhadores do INEM, contactada pela agência Lusa adiantou hoje que vai aguardar pela divulgação oficial do relatório e por uma decisão da tutela para se pronunciar sobre o assunto.

A Lusa tentou, sem sucesso, contactar o presidente do INEM.

De acordo com a imprensa de hoje, a IGAS concluiu, no relatório de inquérito, que a atuação do presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Paulo Campos, foi “objetivamente ilegal”.

No relatório, a IGAS indica que a conduta do presidente do INEM foi “contrária aos princípios gerais da ética e da boa gestão”.

Segundo a IGAS, “em função de um apelo particular, foi privilegiada uma doente sem que tal exceção fosse devidamente fundamentada e autorizada”.

Assim, a IGAS, considera que a conduta de Paulo Campos “é determinante de procedimento disciplinar, por ser contrária aos princípios gerais da ética, da boa gestão, por violação do princípio de interesse público, bem como por violação do princípio da especialidade”.

Contactado pelo Jornal de Notícias, o Ministério da Saúde disse que vai pronunciar-se “em tempo oportuno”.