“Estamos a preparar uma denúncia para apresentar no MP dando nota destes atrasos e das consequências que isto tem na vida e na morte das pessoas”, disse à agência Lusa o presidente do sindicato, Rui Lázaro, precisando que a queixa será entregue nos próximos dias.
A queixa, que vai incluir todas as denúncias que chegam ao sindicato dos técnicos de emergência médica sobre os tempos de espera para o envio de ambulâncias do INEM para um serviço de emergência, está a ser preparada já há algum tempo, tendo o STEPH já dado conta desta situação aos grupos parlamentares, durante as reuniões que tiveram este mês.
O presidente do sindicato afirmou que a situação tornada pública este sábado pelo Jornal de Notícias, em que uma mulher de mais de 80 anos esperou, esta semana, em Lisboa, mais de uma hora por uma ambulância do INEM, não é um caso isolado.
Segundo Rui Lázaro, o sindicato tem recebido várias denúncias nas últimas semanas que dão conta de dezenas de chamadas em espera para envio de ambulâncias.
Como exemplos, referiu que, na sexta-feira, um jovem de uma aldeia do interior do país com uma fratura numa perna teve de esperar mais de uma hora por uma ambulância, bem como o que aconteceu num dia da última semana em que a cidade do Porto teve cerca de 80% das ambulâncias paradas por falta de técnicos e as ocorrências tiveram de ser asseguradas com meios dos concelhos vizinhos.
Numa listagem a que a Lusa teve acesso, os técnicos de emergência médica dão conta dos tempos de espera, nas últimas semanas, para se encontrar uma ambulância do INEM disponível para prestar socorro a uma situação já triada pelo próprio INEM.
Segundo essa lista, há situações em que se está mais de uma ou duas horas à espera do envio de uma ambulância, chegando a estar nesta situação várias ocorrências.
Rui Lázaro afirmou que esta situação está relacionada com a falta de ambulâncias e técnicos, mas também com “a necessidade de revisão dos fluxos do INEM”, que já tinha sido denunciado no pico da pandemia, uma vez que o Instituto Nacional de Emergência Médica está a transportar vários doentes não urgentes para as urgências hospitalares, que além de saturar também esgota as valências do dispositivo.
O sindicalista sustenta que o tempo de espera para o envio de uma ambulância, que é transversal em todo o país, apesar de nas últimas semana ter ocorrido mais na região de Lisboa, “devia ser pontual, mas neste momento é usual” devido à “escassez de meios no país e do consumo excessivo de ambulâncias para situações menos emergentes”.
O presidente do sindicato afirmou ainda que a queixa no MP vai incidir “nos atrasos do socorro, no compromisso para a vida e para socorro aos portugueses e da inação do INEM”, que “não tem feito nada” para corrigir este problema.
Num comunicado enviado este sábado, o INEM anunciou que abriu um processo de inquérito para apurar as circunstâncias que motivaram o atraso na assistência pré-hospitalar à mulher que esteve mais de uma hora na rua à espera de uma ambulância.
O INEM sustenta que “continua a registar um aumento muito acentuado da sua atividade”.
Segundo aquele instituto, na segunda-feira, dia em que a mulher ficou à espera de ambulância, foram recebidas 4.715 chamadas de emergência no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, mais 952 chamadas que em igual período de 2021.
“Concretamente em relação à cidade de Lisboa, nos primeiros seis meses de 2022 há registo de 48.410 ocorrências, um acréscimo de 23% comparativamente a 2021”, precisa o INEM.
O INEM indica ainda que, desde o início de junho, reforçou o dispositivo de meios para o verão, operados pelos parceiros do INEM, com um acréscimo de 23 meios no país, com mais quatro ambulâncias a reforçar a área metropolitana de Lisboa.
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