No evento que decorreu em Espinho, no distrito de Aveiro, o parlamentar do PS argumentou que o Estado aumentaria a sua eficiência se estivesse disponível para alguma concertação com o setor privado, considerando que isso só não se tem verificado devido a “teias de aranha que estorvam o sótão mental” de quem tem o poder de decisão.

A perspetiva de Sérgio Sousa Pinto surgiu em resposta a uma questão apresentada por um elemento da Juventude Popular. Sem discordar desse interlocutor, quando ele referiu que o Governo só aplicou no SNS 11,6% do que prometera investir, o deputado começou por afirmar que “o aumento das dotações era uma questão essencial” para a estabilidade de resposta estatal no âmbito da saúde. Depois, usando de alguma ironia, fez o retrato atual do sistema.

“A única maneira de entrarmos no SNS é através da porta das urgências, porque para as consultas são dois anos à espera, para as operações são três anos à espera (…) e com o médico de família a situação também não evoluiu de forma positiva porque há mais famílias sem ele”, afirmou.

Já mais sério, e pedindo do público “alguma reserva e cautela” por reconhecer que o tema “é de grande complexidade” e exige uma análise especializada que admitiu não possuir, Sérgio Sousa Pinto deixou então a sua interpretação sobre o que o Estado vem fazendo mal na área da Saúde – salientando que, no cômputo público-privado, o SNS tem que lidar com desvantagens que lhe são exclusivas, mas não deveria ter nisso impedimento para aprender com o serviço empresarial.

“O problema fundamental do SNS é de gestão. O próprio Mário Centeno já veio dizer isso e o Fernando Medina também já disse que o problema não é dinheiro”, sustentou o deputado, notando que a degradação do serviço púbico teve como consequência uma crescente procura pela resposta privada.

Entre uma e outra há agora “um diferencial de eficiência muito grande”, mas o socialista realça que o setor público nunca será tão eficiente como o privado “porque uma das maiores doenças que o SNS tem para tratar é a pobreza – um exército de pobres vai lá e os médicos sabem perfeitamente que a origem do problema é as pessoas não terem dinheiro para comprimidos, não se alimentarem convenientemente….”.

Nessa perspetiva, Sérgio Sousa Pinto insiste que o SNS nunca competirá com o setor empresarial em igualdade de circunstâncias, mas “poderá, talvez, em concertação com o privado, de forma inteligente e à semelhança do que fazem países como a Suécia, beneficiar com os ganhos de eficiência da sua gestão”.

Foi nesse ponto que o deputado socialista indicou o avanço ideológico como requisito necessário a uma melhor gestão. “Para isso é preciso tirar uma série de teias de aranha que estorvam o sótão mental de muita gente”, concluiu o deputado socialista, que há alguns meses vaticinou, no seu comentário na TVI, que Marta Temido tinha perdido as condições para continuar como ministra da Saúde.