"A segurança clínica está a ser posta em causa, por deficiências várias, que começam no capital humano”, afirmou Miguel Guimarães à imprensa ontem, no final de uma reunião, em Lisboa, com a ministra da Saúde, Marta Temido.

“E nós temos dito muitas vezes que a principal característica do Serviço Nacional de Saúde são as pessoas. São os profissionais de saúde que fazem a saúde todos os dias, para que os portugueses possam ter melhor qualidade de vida", declarou.

Segundo o bastonário, as deficiências não são só ao nível do capital humano, mas também ao nível das condições físicas de trabalho, de equipamentos e dispositivos.

Por isso, defendeu ser “preciso tomar uma atitude diferente neste domínio", porque "o Estado tem de garantir a segurança dos doentes, tem de garantir aquilo que é o tempo recomendado para a relação médico-doente, para estes poderem expressar aquilo que lhes vai na alma e a sua história clínica. e terem daí uma atitude que seja benéfica para eles."

“[Estas questões] têm a ver com a proteção do doente e têm a ver como uma das coisas que estamos, ou estávamos, ou vamos continuar a estar a negociar, que é o ato médico, com o Ministério da Saúde para proteger o doente", referiu, garantindo: “Mas vamos continuar a insistir, mas responsabilizando, desta vez, o Ministério da Saúde pela insegurança clínica".

O bastonário desejou ainda "boa sorte" aos sindicatos dos médicos para a reunião que têm na quarta-feira com a ministra da Saúde e disse que estes "têm de ser exigentes naquilo são os direitos dos médicos, todos os direitos dos médicos".

A ministra da Saúde tinha convocado no dia 20 de março para hoje a reunião com a Ordem dos Médicos, na sequência de um pedido urgente, garantindo na altura que não havia qualquer desconsideração pela profissão médica como por nenhum grupo profissional da saúde.

A Ordem dos Médicos tinha pedido uma reunião com caráter de urgência à ministra da Saúde, na sequência de atitudes e declarações da tutela que "revelam uma total falta de respeito” e um “nível de desprezo nunca antes alcançado”.

Em declarações aos jornalistas, na altura em que anunciou ter convocado a reunião de hoje, a ministra Marta Temido, disse que “deve haver uma incompreensão do que é a posição do Ministério da Saúde” em relação aos médicos.

“Como é obvio não há qualquer sentimento de menor consideração por nenhum dos profissionais de saúde que fazem o sistema de saúde português e garantidamente que isso não acontece em relação à profissão médica”, declarou.

A ministra considerou que “parece haver alguma tentativa de empolar um assunto que não tem a conotação que se lhe quer dar”, referindo-se a críticas que têm sido feitas por estruturas médicas sobre recentes declarações suas numa entrevista em que aludiu à possibilidade de se estudarem formas de obrigar os médicos recém-especialistas a ficar no Serviço Nacional de Saúde por um período de tempo.