Os hospitais EPE precisam de aumentar o capital em três mil milhões de euros, mas neste momento não há onde ir buscar esse financiamento, avisou hoje o ministro da Saúde, durante uma audição na comissão parlamentar.
Paulo Macedo fez estas afirmações na sequência de uma pergunta do deputado do Bloco de Esquerda João Semedo, que quis saber se havia a intenção de transformar os hospitais empresas em SA (Sociedade Anónima).
Uma “operação simples”, na opinião do deputado, de injetar capital em hospitais SA e com essa injeção resolver o problema da dívida.
“A situação dos hospitais EPE, a não ser feito nada, é cessar pagamentos”, afirmou.
Paulo Macedo afirmou não haver qualquer intenção de fazer essa transformação e reiterou que a prioridade em relação às EPE é garantir a sua sustentabilidade.
Contudo, reconheceu não haver no momento solução para resolver o problema de falta de capital destes hospitais.
“É inevitável ter que aumentar o capital das EPE, a questão é de onde vem esse financiamento. Neste momento não temos quem nos faça esta dotação. Não há onde ir buscar estes três mil milhões de euros. Não há uma negociação milagrosa”, afirmou, esclarecendo contudo que esta dotação não foi negociada no âmbito da troika.
João Semedo contrapôs com a convicção de que parte da solução é exterior ao SNS e tem a ver com a forma como os Governos distribuem bolo orçamental, mas considerou contudo que também há solução dentro do SNS, “só é preciso encontrá-la”.
“O Estado gasta nove mil milhões de euros por ano em saúde. Quarenta e três por cento desta verba é transferida para fora do SNS, para pagar prestadores. Estou convicto de que parte da solução está nesta transferência”, afirmou.
Para o deputado, gerir melhor o SNS é “fazer o contrário do que tem sido feito: à primeira dificuldade transfere-se a solução para prestadores de cuidados de saúde privados”.
Na opinião de João Semedo, quando um serviço público transfere 43 por cento para privados, alguma coisa está mal.
Reportando-se a declarações feitas pelo ministro, segundo as quais a oposição não deveria estar tão preocupada com os privados, pois estes vão ter graves dificuldades, João Semedo concordou e considerou que esse é mais um motivo de preocupação.
“A dificuldade dos privados vai de facto aumentar, mas é motivo para olhar com cuidado, porque essa dificuldade só vai aumentar o apetite do setor público”.
07 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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