Falta pouco menos de um mês para o encerramento das candidaturas à 3ª edição do Prémio Maria de Sousa. E como os alertas nunca são de mais, o Professor Rui Costa, presidente do júri, lembra que os jovens investigadores interessados em participar ainda estão a tempo de apresentar o seu projeto. Criada em 2020, esta iniciativa visa distinguir o que de melhor de faz na Ciência em Portugal. “Em todos os projetos apoiados o foco mantém-se no ser humano”, frisa o responsável.
HealthNews (HN)- No início do ano foi anunciada a abertura das candidaturas à 3ª edição do Prémio Maria de Sousa. Que contribuição pode ter este Prémio para a história da investigação científica em Portugal?
Rui Costa (RC)- O Prémio Maria de Sousa apoia, em cada ano, até cinco jovens promissores que pretendam desenvolver um projeto de investigação na área das Ciências da Saúde, incluindo obrigatoriamente um estágio num centro de excelência. Esta é uma assinalável contribuição para a história da investigação científica portuguesa, pelo valor do Prémio, pela abrangência da área de investigação, pela periodicidade anual e, muito importante, pela oportunidade dada aos jovens investigadores de poderem desenvolver uma parte dos seus projetos além fronteiras.
HN- Estes projetos que são submetidos ao prémio podem vir a ter um profundo impacto na saúde de milhares de doentes. Em que medida o prémio alia a investigação ao humanismo?
RC- Até à data, nas duas edições do Prémio Maria de Sousa foram premiados dez projetos nas mais diversas áreas das Ciências da Saúde, desde as neurociências ao cancro, passando pelas doenças degenerativas ou cardiovasculares até ao funcionamento celular, sempre com um relevante impacto na vida e na saúde das pessoas. Quer sejam mais centrados na ciência básica ou mais próximos da ciência aplicada, em todos os projetos apoiados o foco mantém-se no ser humano. O propósito do Prémio é apoiar os jovens em projetos de investigação que beneficiem as pessoas, proporcionando a todos mais e melhor saúde.
HN- Preside ao júri desde a 1ª edição. Quais os principais desafios e dificuldades que identifica na seleção dos melhores trabalhos de investigação?
RC- A maior dificuldade é selecionar apenas cinco projetos entre tantas dezenas de candidaturas de elevada qualidade. Temos em Portugal muitos jovens investigadores de excelência e as candidaturas que temos recebido são prova disso. Recordo que o Prémio Maria de Sousa foi criado inicialmente para ter um vencedor apenas, porém ainda na primeira edição, a Ordem dos Médicos e a Fundação BIAL, considerando a quantidade e qualidade das candidaturas recebidas, decidiram alargar para até cinco o número de investigadores apoiados e também aumentar o valor global do prémio, que é agora de até 150.000€ (até 30.000€/projeto). O desafio é escolher os melhores em cada edição, mas para essa difícil tarefa temos um Júri de cinco elementos com reconhecido mérito científico, todos com ligação muito próxima à Prof. Maria de Sousa.
HN- Em 2022 registaram-se 54 candidaturas de jovens investigadores portugueses ao Prémio Maria de Sousa. Quais as suas expectativas para este ano?
RC- Nas edições anteriores, o elevado número de candidaturas recebidas foi para mim um sinal enorme de esperança. Na última edição, por exemplo, mais de meia centena de jovens promissores mostraram vontade em fazer investigação na área das Ciências da Saúde, incluindo um estágio num centro de excelência. Esta é uma grande homenagem à Prof. Maria de Sousa, que sempre defendeu que estes jovens tivessem a possibilidade de realizar os seus sonhos, por isso as minhas expectativas para este ano continuam definitivamente em alta.
HN- O Prémio Maria de Sousa prevê um estágio obrigatório num centro internacional de excelência no estrangeiro. Considera que este é o principal fator diferenciador deste Prémio e o que vai mais ao encontro da visão da Prof. Maria de Sousa para os jovens investigadores portugueses?
RC- Acredito que este é de facto o principal fator diferenciador do Prémio. A Prof. Maria de Sousa sempre quis ajudar os investigadores mais jovens a pensarem diferente, a internacionalizarem-se e a superarem os seus limites. Apenas em duas edições, este Prémio já levou dez jovens a estagiar em centros de investigação de excelência nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Espanha, Holanda, Irlanda e República Checa. A experiência além fronteiras é enriquecedora e extremamente importante no percurso científico de qualquer investigador, por isso o estágio internacional é certamente um dos melhores outputs do Prémio.
HN- Atualmente, o Prémio Maria de Sousa atribui um total de até 150 mil euros aos projetos vencedores. Este valor poderá ser um dia aumentado?
RC- O Prémio Maria de Sousa foi criado em 2020, em homenagem à memória da médica e grande imunologista Maria de Sousa, e resulta de uma parceria exclusiva entre a Ordem dos Médicos e a Fundação BIAL. Qualquer alteração ao regulamento será da responsabilidade das duas entidades parceiras.
HN- O prazo para a submissão de candidaturas termina a 31 de maio. Qual a mensagem que gostaria deixar aos interessados?
RC- Eu e os restantes membros do Júri queremos encorajar os jovens investigadores portugueses a concorrerem, a desafiarem as próprias fronteiras do conhecimento e a mostrarem-nos os seus talentos. Aguardamos pela vossa candidatura até às 23.59h (horário de Portugal continental) do dia 31 de maio de 2023.
Entrevista de Vaishaly Camões
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