A psoríase é uma doença física e psicologicamente debilitante. Na Europa Ocidental estima-se que aproximadamente 2% da população tenha psoríase (em Portugal mais de 200 mil pessoas).
Habitualmente, o início do quadro clínico surge entre os 15 e os 20 anos. Há outro pico de incidência entre os 55 e os 60 anos (pico menor), mas a doença pode surgir em qualquer idade, nomeadamente em crianças .A psoríase ocorre com igual frequência em ambos os sexos.
Clinicamente, o envolvimento da pele é habitualmente bilateral e grosseiramente simétrico. As áreas mais atingidas são os joelhos, cotovelos e couro cabeludo, mas pode atingir todo o corpo: tronco, mãos e pés, umbigo, mucosas, genitais e unhas. As lesões são tipicamente eritematosas (vermelhas) e descamativas. O prurido (comichão), assim como a sensação de queimadura, podem estar presentes e causar desconforto importante aos doentes.
Podemos caracterizá-la como uma doença frequente, crónica, recorrente e que evolui por surtos. É ainda uma doença inflamatória, sistémica (não atinge apenas a pele) e imuno-mediada. O doente psoriático tem várias co-morbilidades, nomeadamente um risco aumentado de obesidade, diabetes, hipertensão arterial, síndrome metabólico e doença cardiovascular, entre outras.
Para o aparecimento da psoríase contribuem a parte genética (grande parte dos doentes tem familiares com esta doença) e os fatores ambientais. Destes últimos há a realçar o
stress, a existência de uma infeção e alguns medicamentos. A psoríase pode ser classificada consoante o seu padrão clínico: Psoríase vulgar ou em placas – é a forma mais comum. As placas podem variar muito de tamanho e forma. Pode ser localizada ou disseminada. Outras formas, a saber: Psoríase em gotas (habitualmente atinge mais a criança e o adulto jovem. Classicamente surge após infeção e tem bom prognóstico), Psoríase eritrodérmica, Psoríase pustulosa e Psoríase artropática.
A Psoríase artropática caracteriza-se pela presença de artrite. Cerca de 30 % dos doentes com psoríase cutânea desenvolvem artrite psoriática. Apenas em 10 a 15 % dos doentes precede as lesões cutâneas. Pode ser muito incapacitante para os doentes.
O tratamento desta patologia varia com a sua gravidade. Do tratamento tópico – aplicação local (que inclui: corticoides, análogos da vitamina D3, entre outros) ao tratamento sistémico (fototerapia, acitretina, ciclosporina, metotrexato… e mais recentemente, com tratamento biológico, para doentes que cumpram critérios bem definidos. É sempre importante pesar os prós contras das terapêuticas, as espectativas dos pacientes e as alterações que a doença condiciona na sua vida.
Como doença visível, pode ser altamente estigmatizante para os doentes afetando o eu dia a dia, gerando ansiedade, depressão e isolamento social. Agravado ainda pelo mito de que pode ser contagiosa – o que não é verdade. Como doença crónica e que à luz dos conhecimentos atuais não tem cura, mas é controlável, livre de lesões, a maior parte do tempo, o diagnóstico precoce e tratamento individualizado é importante para melhorar a qualidade de vida destes doentes.
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