A Ordem dos Médicos e a Ordem dos Psicólogos Portugueses pronunciaram-se contra a criação da profissão de psicoterapeuta, na sequência de um pedido de análise e emissão de parecer por parte do Ministério da Saúde.

Num parecer conjunto, as duas ordens afirmam que a sua posição tem por base “a evidência científica e a salvaguarda e proteção da saúde pública e dos interesses dos cidadãos que procuram os serviços de psicoterapia”.

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Num comunicado hoje divulgado, a organização que representa 17 associações e sociedades com responsabilidade na atividade de formação na área da psicoterapia, congratula-se com “a relevância dada a esta temática” pelas duas ordens profissionais e afirma que partilha com estas “a preocupação com os critérios de formação de base e específica exigíveis para a qualificação dos profissionais que exercem ou venham a exercer esta prática”.

Federação fala em desconhecimento das ordens

No entanto, para a Federação Portuguesa de Psicoterapia (FEPPSI), o parecer das ordens mostra um desconhecimento da “atual situação da psicoterapia em Portugal”.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da FEPPSI, Graça Góis, afirmou que, embora a federação reconheça “a importância das ordens”, entende que não devem ser estas a regular a profissão.

"Quem deve regular as questões da psicoterapia deve ser a federação e os seus membros", defendeu a presidente da FEPPSI.

Isto porque o psicoterapeuta, além da sua formação de base (psicólogo, médico ou outras áreas ligadas às ciências sociais), tem uma formação específica e extensa que incluiu três componentes: Processo Psicoterapêutico, Formação Teórico/Metodológica e a Supervisão Clínica da atividade, explicou Graça Góis, adiantando que, nos seus critérios mínimos de formação, a federação defende que o número total de horas não deve ser inferior a 1500 horas.

Nesse sentido, a defende a autonomização da profissão, linha com o que já foi feito noutros países da Europa, posição que tem vindo a defender junto de várias entidades, entre as quais o Ministério da Saúde, para que “esta realidade seja refletida na legislação portuguesa de forma a melhor defender os milhares de Psicoterapeutas que já exercem em todo o Pais e, sobretudo, defender os utentes que a eles recorrem, definindo um quadro claro a nível do enquadramento na área da saúde”.

Uma das maiores preocupações da federação nesta área é sobre “os cuidados a ter na saúde pública e a forma como outros profissionais no campo da Saúde, sem uma formação sólida em Psicoterapia, fazem o atendimento a pacientes neste âmbito sem uma formação específica”.

Por isso, defende que “o ato psicoterapêutico não é, e não pode ser, igual ao ato médico ou ato psicológico, devendo existir profissionais devidamente preparados para exercer estes processos e serviços junto do público”.