As protagonistas de um espetáculo intitulado "Sex Worker's Opera" - Ópera das Trabalhadoras Sexuais, em tradução livre - apresentaram-se numa sala lotada no palco onde acontece precisamente a reunião internacional, interpretando canções cujas letras defendem que o "trabalho sexual é trabalho" e que "não há putas más, apenas leis más".

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"No fim de contas todos somos seres humanos e ninguém deveria julgar-nos pelo que fazemos para ganhar a vida", disse à agência de notícias France Presse a artista Charlie Rose, trabalhadora sexual de 37 anos, de Londres.

"Os direitos humanos determinam que é legítimo ganhar a vida e manter as nossas famílias assim e isso é exatamente o que eu faço", acrescentou.

Entre aplausos, as artistas entraram no palco em lingerie e saltos altos, cantando em uníssono: "Seja qual for o trabalho, é a sobrevivência que escolhemos".

A despenalização, insistiram, é a única maneira de acabar com o estigma e proteger os direitos e a saúde das trabalhadoras sexuais.

Ainda há tantos estigmas, o que torna mais difícil para as trabalhadoras do sexo terem acesso a atendimento médico

"Ainda há tantos estigmas, o que torna mais difícil para as trabalhadoras do sexo terem acesso ao atendimento médico", disse outra das artistas, também londrina, Siobhan Knox, de 31 anos.

"Pessoas normais"

Nos países em que a prostituição é legal, como a Holanda, as trabalhadoras sexuais podem denunciar facilmente situações de violência à polícia "porque não temem (...) ser criminalizadas ou presas", acrescentou.

"O que estamos a dizer é que talvez deveríamos revelar mais coisas (...) Devemos começar a ver as trabalhadoras sexuais como pessoas normais, como qualquer outra: mães, irmãs, filhas, amantes", disse Knox. 

Segundo os especialistas, as leis que criminalizam a prostituição contribuem para a propagação do vírus da Sida entre as trabalhadoras sexuais.

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Segundo a Sociedade Internacional da Sida, as chamadas "populações-chave" - que incluem trabalhadoras sexuais, homens que praticam sexo com outros homens, pessoas transgênero e viciados em drogas por via intravenosa - representaram 44% das novas infeções por VIH/Sida registadas em 2016.

Reduzir para metade novos casos de VIH/Sida

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que as trabalhadoras sexuais têm 13,5% mais probabilidades de contrair o VIH/Sida do que outras mulheres em idade reprodutiva.

A despenalização do trabalho sexual poderia reduzir para metade o número de novas infeções por VIH/Sida, em apenas 10 anos, entre as trabalhadoras sexuais.