Em declarações recolhidas pelas televisões à entrada para a missa na Sé de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o elogio às várias confissões religiosas em Portugal pelo exemplo que deram nesta pandemia e, em concreto nesta ocasião, à igreja católica.

"A igreja, com uma sabedoria de milénios, deu um exemplo ao povo português", afirmou.

Questionado sobre as medidas para a terceira fase do desconfinamento anunciadas pelo Governo na sexta-feira, com restrições especiais para a Área Metropolitana de Lisboa, o chefe de Estado dirigiu um apelo aos mais jovens, considerando que os que trabalham diariamente na construção civil, indústria ou comércio "estão expostos naturalmente a riscos de contágio".

"Agora não faz sentido que os jovens estejam a organizar festas com centenas de pessoas e muito próximas e sem preocupação de distanciamento", afirmou.

O Presidente da República acrescentou que, se os jovens "têm a sensação de que não correm riscos, podem transportar riscos".

"As normas sanitárias devem valer para todos, devem valer para os bairros periféricos de Lisboa para impedir riscos de saúde, mas devem valer também em festas de sociedade em que se pede aos jovens que, verdadeiramente sem pensarem nos riscos que acham que não correm, se dispensem de ir longe de mais, depressa de mais, com risco para os outros", avisou.

Antes de entrar na missa de Pentecostes na Sé de Lisboa - iniciativa que não constava da agenda oficial do Presidente da República -, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o agradecimento que já tinha deixado expresso numa nota no sábado às confissões religiosas pelo sentido de Estado e de "serviço à vida e à saúde" durante os últimos dois meses de pandemia, no fim de semana em que voltaram a ser permitidas as cerimónias religiosas.

O chefe de Estado agradeceu hoje novamente "a todas as confissões religiosas e de uma forma especial ao povo católico, largamente maioritário no povo português" por ter sacrificado a fé praticada "em comunidade", nomeadamente as cerimónias do 13 de maio em Fátima.

"A componente da fé é essencial e não é separável da vida coletiva, é um regresso que é difícil porque há regras, porque há distanciamento e comportamentos diferentes. Há que manter as máscaras durante toda a celebração, é realmente um sinal de vivência da fé muito forte em termos espirituais", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "a liberdade religiosa nunca esteve em causa", e lembrou que a suspensão das celebrações coletivas "foi assumido e acertado" com as confissões religiosas, até na data do seu regresso.

"Revelou uma preocupação de não precipitação, a igreja com uma sabedoria de milénios deu um exemplo ao povo português", saudou.

As cerimónias religiosas comunitárias regressaram no sábado após uma pausa de mais de dois meses provocada pela covid-19, com regras excecionais, tendo a Direção-Geral da Saúde (DGS) alertado para o "risco aumentado" de propagação do novo coronavírus.

No documento em que define as medidas de prevenção e controlo a adotar em locais de culto pelas instituições religiosas e pelos cidadãos, a DGS reforçou que "nos locais de culto e religiosos existe risco de transmissão direta e indireta de SARS-CoV-2 [o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19]", que exigem cuidados máximos.

Portugal regista hoje 1.410 mortes relacionadas com a covid-19, mais 14 do que no sábado, e 32.500 infetados, mais 297, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.