A professora universitária e autora de vários livros sobre a eutanásia, reagiu desta forma à notícia de que mais de 5.000 pessoas assinaram, nos últimos sete dias, a petição a favor da despenalização e regulamentação da morte assistida.

“Os portugueses não estão tão a leste da temática [da morte assistida] como muitos davam a entender”, disse, acrescentando: “As pessoas mais adversas a esta causa foram desaparecendo, até pela sua idade, e as gerações mais novas estão mais reivindicativas”.

Uma vez que tem mais de 4.000 assinaturas, a petição terá de ser discutida em plenário da Assembleia da República, mas Laura Ferreira dos Santos considera que a pressa não é bem-vinda.

“Não se pode legislar com pressa. É preciso um amplo debate e tornar conhecidos os relatórios credíveis nesta área”, acrescentou.

Para Laura Ferreira dos Santos, este não é um processo que se conclua de um dia para o outro, pois “exige debate”.

112 figuras da sociedade subscrevem documento

A petição, dirigida à Assembleia da República, está disponível online e o texto que a acompanha é o mesmo do manifesto assinado por 112 personalidades da sociedade portuguesa, como Alexandre Quintanilha, José Pacheco Pereira, António Sampaio da Nóvoa ou Olga Roriz.

Francisco Louçã, João Goulão, o oncologista Jorge Espírito Santo, o “capitão de Abril” Vasco Lourenço, o sociólogo Boaventura Sousa Santos e o ex-diretor geral da Saúde Constantino Sakellarides assinaram igualmente este manifesto.

No texto que acompanha a petição – que às 13:25 contava com 5.221 assinaturas - , o movimento apresenta-se como um conjunto de “cidadãs e cidadãos de Portugal, unidos na valorização privilegiada do direito à Liberdade”.

Defendem, por isso, “a despenalização e regulamentação da morte assistida como uma expressão concreta dos direitos individuais à autonomia, à liberdade religiosa e à liberdade de convicção e consciência, direitos inscritos na Constituição”.

“A morte assistida é um direito do doente que sofre e a quem não resta outra alternativa, por ele tida como aceitável ou digna, para pôr termo ao seu sofrimento. É um último recurso, uma última liberdade, um último pedido que não se pode recusar a quem se sabe estar condenado. Nestas circunstâncias, a morte assistida é um ato compassivo e de beneficência”, lê-se no texto.