13 defevereiro de 2014 - 17h18

Portugal recebeu cerca de 900 doentes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2013, afirmou hoje o ministro da Saúde, Paulo Macedo, garantindo que, apesar da crise, o país tem mantido o apoio a pacientes estrangeiros.

"Mesmo com restrições financeiras fortes, Portugal recebeu, no ano passado, cerca de 900 pessoas, que tratou, de diferentes países da CPLP", disse à agência Lusa Paulo Macedo, no final de uma visita ao Instituto do Coração, em Maputo.

Segundo o ministro da Saúde, o desenvolvimento verificado nos serviços de saúde dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) está a fazer com que haja "menos motivos para os doentes serem tratados no estrangeiro".

Paulo Macedo apontou como exemplo o Instituto do Coração, que atualmente trata doenças cardiovasculares, evitando a saída de pacientes com este tipo de patologias de Moçambique para o estrangeiro.

O ministro visitou Moçambique para participar na III Reunião dos Ministros da Saúde da CPLP, que se realizou na quarta-feira, em Maputo.

No passado, "havia doentes que tinham que ser tratados noutros países e que hoje têm uma resposta neste instituto", destacou o ministro da Saúde.

Fundado em 2001, o Instituto do Coração é uma organização não-governamental (ONG) focada no tratamento de doenças cardiovasculares a crianças desfavorecidas, tendo sido criada através de uma parceria que envolveu a ONG moçambicana Os Amigos do Coração e quatro organizações europeias, entre as quais a portuguesa Cadeia de Esperança.

Com uma média anual de 120 operações gratuitas a crianças desfavorecidas, a instituição "sobrevive" dos rendimentos que obtém na prestação de cuidados de saúde privados e de apoios em consumíveis para as cirurgias, que as ONG parceiras doam.

"A cirurgia cardíaca é caríssima. Cada vez que entra uma criança na sala
de operações, só nos consumíveis gasta-se cerca de 5.000 dólares (3.650
euros). No conjunto, a cirurgia a coração aberto e o pós-operatório
custa cerca de 15.000 dólares (10.970 euros)", explicou à Lusa a
diretora e fundadora do Instituto do Coração, Beatriz Ferreira.

Segundo a responsável, com os cuidados privados, a organização consegue
cerca de 150 mil dólares (109,7 mil euros) mensais para os serviços
humanitários que presta, com uma equipa cirúrgica própria, formada em
Portugal, França e na Suíça.

A abertura de unidades de saúde privadas na capital moçambicana, que
oferecem alguns dos serviços do Instituto do Coração, tem representado
um certo "risco" à missão humanitária da ONG, não só pela redução do
número de pacientes privados que recebem, mas também porque as novas
unidades lhes tentam "tirar" profissionais de saúde qualificados.

"Quando surgem novas unidades sanitárias há sempre um risco de vermos
reduzida a nossa capacidade de termos fundos para fazermos trabalhos com
as crianças indigentes, mas, enfim, é o mercado", concluiu Beatriz
Ferreira.

Lusa