O evento, que acontece no âmbito da 61.ª sessão da comissão para Estatuto da Mulher (CSW), tem o tema "Let's be the generation that eliminates FGM once and for all" (Vamos ser a geração que elimina a mutilação genital feminina de uma vez por todas).

O primeiro painel da conferência será moderado pelo diretor-executivo do Fundo de População das Nações, Babatunde Osotimehin, e contará com um discurso da secretária de Estado para Cidadania e Igualdade de Portugal, Catarina Marcelino.

Participam na discussão a primeira-dama do Burkina Faso, Adjoavi Sika Kaboré, a embaixadora da Grécia junto da ONU, Mara Marinaki, a ministra das Mulheres e Crianças da Guiné, Sanaba Kaba Camara, o ministro do Comércio e Emprego da Gâmbia, Isatou Touray, e a secretária de Estado da Noruega, Laila Bokhari.

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O segundo painel será moderado por Catarina Furtado, embaixadora da boa vontade do Fundo de População da ONU, e terá uma intervenção da vice-diretora da Fundo das Nações Unidas para Crianças (UNICEF), Fatoumata Ndiaye.

O segundo painel terá ainda os contributos da especialista italiana da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres Bianca Pomeranzi, da presidente do Comité de Eliminação de Más Praticas de Saúde em Mulheres e Crianças da Guiné-Bissau, Fatumata Djau Baldé, os ativistas Gabriel Ademeyo e Fatima Porgho e a diretora do Comité Africano contra Práticas Nocivas, Morissanda Kouyate,

A 61.ª sessão da comissão para Estatuto da Mulher (CSW) teve início na segunda-feira, com uma intervenção do secretário-geral da ONU António Guterres, e o seu tema prioritário é o empoderamento das mulheres num mercado de trabalho em mudança.

Lesões irreversíveis

A prática, que causa lesões físicas e psíquicas permanentes, é mantida em cerca de 30 países africanos, entre os quais a lusófona Guiné-Bissau, onde se estima que 50 por cento das mulheres sejam afetadas.

A mutilação genital feminina é feita de diversas formas: em algumas corta-se o clitóris, noutras os grandes e os pequenos lábios. Uma vez concretizada, é irreversível e se a vítima sobreviver irá sofrer consequências físicas e psicológicas permanentes.

Além do sofrimento que as mutiladas sente no momento do corte, o processo de cicatrização é acompanhado com frequência por infeções, devido ao uso de utensílios contaminados, e dores ao urinar e defecar. A incontinência urinária e infertilidade são outras das sequelas.

O facto de serem usadas as mesmas lâminas para mutilar várias crianças aumenta o risco de se contrair o vírus da SIDA.

Além da mãe, também os recém-nascidos podem sofrer com a mutilação. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a taxa de mortalidade infantil é mais elevada em 55 por cento em mulheres que sofreram uma mutilação de tipo III (a infibulação, que consiste em fechar a abertura vaginal).