Em 2018 foram notificados 174 casos de hepatite B, mais um face a 2017, a maioria homens com mais de 37 anos, refere o relatório que será divulgado hoje em Lisboa na iniciativa “Portugal Rumo à eliminação da Hepatite C”, que decorre no âmbito do Dia Mundial contra as Hepatites, assinalado a 28 de julho.
Analisando os óbitos por hepatite B nos dois últimos anos, a DGS afirma que os números reportados "são baixos", estando “certamente, subdimensionados particularmente nos casos crónicos”, uma vez que no preenchimento dos certificados de óbito é assumida a causa de morte, como cirrose ou cancro do fígado, e não a sua etiologia.
O mesmo de passa com as mortes associadas à hepatite C que totalizaram 16 em 2017 e nove em 2018, maioritariamente homens (75%).
“Há uma diversidade de causas que podem conduzir ao óbito e se nós não tivermos os certificados de óbito corretamente preenchidos, nunca vamos conseguir identificar qual foi a verdadeira causa daquele óbito”, disse à agência Lusa a diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Isabel Aldir.
Nesse sentido, defendeu, os médicos devem ser sensibilizados para a importância do correto preenchimento destes certificados para se ter uma noção verdadeira da “dimensão deste problema” em Portugal.
Relativamente à hepatite C, o documento aponta a notificação de 269 casos em 2018, menos oito face a 2017, a maioria homens com idades entre os 40 e 59 anos (62,4%), sendo a “forma provável de transmissão”, conhecida em 65% dos casos, “a exposição não ocupacional a sangue ou materiais contaminados (85%)”.
A DGS observa que desde a implementação do Portal do Infarmed em 2015 e até 30 de junho, cerca de 25.000 pessoas foram assinaladas como vivendo com infeção crónica por hepatite C, um registo que revela “a dimensão da subnotificação existente no país”, uma vez que os profissionais de saúde apenas notificaram 774 casos entre 2015 e 2018.
“Importa sensibilizar todos os profissionais de saúde para a obrigatoriedade da notificação e para a sua importância, enquanto base do conhecimento epidemiológico tão necessário nesta área, e fundamental no apoio à definição de estratégias futuras”, defende.
Nas últimas décadas, diminuíram de “forma consistente” os casos de hepatite A, mas em 2017 começou a verificar-se um aumento de casos, alguns referentes a 2016, altura em que ocorreu um surto em 22 países da União Europeia, incluindo Portugal.
Em Portugal, foram notificados 560 casos em 2017 e 83 em 2018, a maioria (66,7%) na região de Lisboa e Vale do Tejo e no grupo etário 18-39 anos (66,4%).
Desde então, houve um decréscimo progressivo do número de novos casos, tendo voltado a uma situação semelhante à existente antes do surto, mas mantém-se a atenção porque “a diminuição da incidência da doença originou um número crescente de pessoas suscetíveis”.
O relatório destaca as elevadas taxas de vacinação contra a hepatite B, que ultrapassaram nos últimos anos os 95%. Em 2018, 98% das crianças com um ano estavam vacinadas.
Para Isabel Aldir, esta taxa de cobertura “é assinalável” e faz com “a população até aos 37 anos de idade esteja protegida, o que é uma ajuda para se terminar com a situação da hepatite B enquanto problema de saúde pública muito grande”.
É fundamental “todos estarmos conscientes da importância destas doenças, mas também conscientes de que há maneiras de as prevenir e que há tratamento”, sublinhou a infeciologista.
No relatório, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirma que o documento aponta resultados que “alicerçam a confiança na prossecução da meta de eliminar as hepatites virais até 2030”, mas ainda é “necessário intensificar” os esforços para melhorar a resposta nacional.
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