O documento foi hoje entregue por uma dúzia de elementos da Plataforma, que antes explicaram à comunicação social as razões da iniciativa, nomeadamente “os sucessivos desinvestimentos no SNS” que “conduziram à saída de milhares de profissionais de saúde, à redução do número de camas até de doentes agudos, ao fecho de extensões, centros de saúde e urgências”.

O aumento das taxas moderadoras, ao mesmo tempo que as condições económicas e de vida dos portugueses se agravaram, é outro dos factos apontados pela Plataforma como responsáveis pelo “condicionamento do acesso ao SNS” e que resultaram na sua “rápida degradação”.

Sebastião Santana, do Sindicato dos Trabalhadores das Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas e um dos elementos da Plataforma, disse aos jornalistas que a prova de que há falta de recursos “está à vista de tida a gente: mais de 20 horas de espera, doentes que esperam horas para serem internados”.

Menos trabalhadores

“Desde 2009 saíram do SNS 6.100 trabalhadores, provocando um aumento das horas extraordinárias realizadas (em 2014 foram realizadas mais de 8,4 milhões) e, consequentemente, um aumento dos ritmos de trabalho”, acusa a Plataforma.

Segundo esta organização, isto tem levado a que “os serviços prestados tenham uma qualidade que não satisfaz quem os recebe e fica muito aquém da excelência a que os trabalhadores do SNS habituaram dos portugueses”.

Para este sindicalista, o Governo já mostrou que não tem capacidade para mudar esta situação e o ministro Paulo Macedo deve, por isso, demitir-se.

Na missiva dirigida a Paulo Macedo, a Plataforma escreve que “a responsabilidade pela situação caótica nas urgências e mortes por alegada falta de assistência é do seu ministério e a culpa é das políticas que tem posto em prática”.

A Plataforma defende “uma gestão que respeite o princípio de equidade e o pleno acesso das pessoas aos cuidados de saúde de qualidade e o estatuto de todos os seus trabalhadores com valorização das carreiras e salários”.

A carta aberta da Plataforma foi entregue a um elemento da secretária-geral do Ministério da Saúde.

Deste movimento, criado contra o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, fazem ainda parte representantes da Comissão de Utentes da Cidade de Lisboa, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Movimento Democrático das Mulheres, Inter-Reformados (CGTP-IN), Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, Sindicato dos Médicos da Zona Sul, união dos Sindicatos de Lisboa.