Numa conferência de imprensa realizada à porta da associação, um grupo de cerca de 20 pais manifestou a sua “indignação”, considerando que as acusações que estão a ser feitas à direção tem “razões políticas”.

A posição dos pais das crianças internadas ou a receber tratamento no Kastelo surge após a SIC ter divulgado na segunda-feira à noite que esta única unidade de cuidados continuados e paliativos pediátricos no país “corre o risco de fechar”, com a consequente transferência dos cerca de 30 utentes para outros hospitais, estando em causa uma inspeção da ERS que detetou “várias irregularidades”.

“Acho que esse tipo denúncia tem de ser falado connosco, nós temos de ser inquiridos, nós somos os pais, queremos saber o que se está a passar. Isto é tudo política, devido ao facto de já haver substitutos para os cargos” da direção, afirmou Isabel Bandeira, mão de um utente.

Com o filho há três anos na instituição, esta mãe afirmou que nunca viu “falharem com a medicação às crianças”, uma das queixas que está a ser investigada.

“Se falhassem, eu seria a primeira falar, porque o meu filho necessita de medicação, depende dela porque tem uma doença crónica”, sublinhou.

O que está em causa, “não tem nada a ver com os nossos filhos, são questões técnicas, que já estão a ser resolvidas, e políticas”, acrescentou.

Em declarações aos jornalistas, Joana Ribeiro, presidente da associação de pais, disse estar com o seu “coração apertado, com estas calúnias”, por não ser “uma mãe que deposita filho e vai para casa”.

“A minha filha está internada e eu estou aqui assiduamente, quando não posso estar, está a minha família. A mim nunca me foi proibida a entrada, seja a que hora for”, afirmou.

Joana Ribeiro referiu que sexta-feira foi votado um voto de confiança na atual direção, o que, em seu entender, significa que os pais querem que “a direção técnica continue”.

“Somos todos testemunhas de como tratam os meninos, mas ninguém parece interessado em ouvir-nos. Se a Entidade Reguladora da Saúde decidir encerrar vai ser dramático, mas não vamos desistir”, sustentou.

O advogado e porta-voz dos pais, Sarmento Pais, lembrou que se trata de “uma instituição premiada pela sua humanização e cuidados que tem com os utentes e famílias”.

“A única coisa que os pais querem é manter a direção porque estão satisfeitos, tudo o que havia para corrigir já foi feito e tudo continua a funcionar como sempre”, afirmou, referindo desconhecer de quem partiu a denúncia, “se de um pai ou de algum funcionário que saiu”.

Em comunicado, a unidade de cuidados continuados e paliativos pediátricos – Kastelo garantiu hoje ter já corrigido as “inconformidades” detetadas pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e que a medicação é sempre administrada com prescrição médica.

O Kastelo refere que “apenas uma inconformidade não está implementada na sua totalidade devido à sua complexidade (criação de uma sala separada para a máquina de vácuo)”.

Na reportagem emitida na segunda-feira, a SIC referiu ainda que ao Ministério Público chegou também uma queixa, na qual há relatos de negligência nos cuidados prestados às crianças.

No comunicado, a direção da unidade esclarece que a ERS fez uma vistoria às instalações a 13 de dezembro e que o relatório que “indicava existirem inconformidades, nomeadamente a não existência de um cabeleireiro e podólogo”, lhe chegou às mãos no dia 23.

“As alterações foram todas desenvolvidas, incluindo o cabeleireiro para o qual foi necessário, infelizmente, anular um dos quartos originalmente destinado a acolher duas crianças”, garante a direção, especificando que a ERS deu um prazo de 10 dias para “implementar as referidas inconformidades”.

“No que respeita à medicação, esta é sempre administrada com prescrição médica”, sublinha.

Afirma ainda estar “focada no bem-estar das crianças, desde a sua inauguração, em 2016”, e recorda que “tem obtido apoios diversos no âmbito do mecenato para as suas iniciativas, nomeadamente de enriquecimento de infraestruturas lúdicas e terapêuticas para as crianças com patologia crónica”.

Esta unidade para crianças do distrito do Porto conta desde outubro com 37 camas, 17 de cuidados pediátricos e 20 de ambulatório.