"A falta de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) no Alto Alentejo é um problema grave", disse hoje à agência Lusa o presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Branco.
Segundo o responsável, atualmente, o Alto Alentejo, que abrange o distrito de Portalegre, "conta com 860 enfermeiros para uma população de 118.500 habitantes, distribuída por 15 municípios", o que dá uma média de sete enfermeiros por cada mil habitantes e "abaixo" da média de referência da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que ronda os 9,3 enfermeiros por cada mil habitantes.
No entanto, excluindo as unidades de saúde privadas e os profissionais que não estão afetos à prestação de cuidados, a média no conjunto de unidades do SNS no Alto Alentejo "desce para cinco enfermeiros por cada mil habitantes", o que é "preocupante".
Perante este cenário, "é necessário contratar mais enfermeiros para garantir a segurança e a qualidade da prestação de cuidados de saúde" nas unidades do SNS no Alto Alentejo, defendeu.
Sérgio Branco falava após uma equipa da Ordem dos Enfermeiros ter feito uma visita de quatro dias a unidades de saúde do Alto Alentejo e à Escola Superior de Saúde de Portalegre.
"O que encontrámos foi um desfalque assistencial muito grande", lamentou, referindo que nos hospitais de Portalegre e Elvas "quase todos trabalham no limite e ao nível dos serviços mínimos em greves, mas sem greve".
Sérgio Branco alertou para o "risco real" de o bloco de partos do hospital de Portalegre poder fechar devido à falta de enfermeiros e caso se mantenha o atual número destes profissionais que trabalham no serviço.
No bloco de partos do hospital de Portalegre, "faltam pelo menos 10 enfermeiros e as condições deste serviço não garantem a segurança dos cuidados e é grande o risco para bebés, mães e enfermeiros", alertou.
Já o hospital de Elvas tem "um número de enfermeiros muito condicionado" e "necessita de reformular o serviço de urgência", porque "o que lá existe é um Serviço de Urgência Básica, onde os doentes são atendidos e aguardam seguimento num corredor".
Por outro lado, "a maioria" das extensões dos centros de saúde da região está fechada e só abre algumas horas por semana e "não tem sequer meios para atender a situações de emergência simples".
"Depois do que vimos, consideramos que é preciso humanizar a saúde" no Alto Alentejo, porque "achamos que o sistema não foi pensado para funcionar em função das pessoas", rematou Sérgio Branco.
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