O Norte deverá também ser a região que mais contribuirá para a diminuição da população residente em Portugal até 2080.

Estas projeções constam do primeiro número do novo boletim “Norte Estrutura” da Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDR-N), hoje apresentado no Porto e elaborado com base nas projeções demográficas recentemente atualizadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que “evidenciam claramente uma tendência para a continuação do declínio da população residente e para o agravamento do envelhecimento demográfico”.

Os dados disponíveis para o Norte revelam que esta deverá ser a região “que mais contribui para a diminuição da população residente em Portugal” e que, “durante a década de 50, deverá deixar de ser a região mais populosa, passando esse papel a ser desempenhado pela Área Metropolitana de Lisboa”.

Menos de três milhões de pessoas em 2048

A partir de 2048, a região do Norte deverá passar a ter menos de três milhões de habitantes, face aos atuais 3,6 milhões, precisa a CCDR-N.

Adicionalmente, a partir de 2033 o Norte deverá destacar-se como a região NUTS II portuguesa com a população mais envelhecida, ultrapassando o Alentejo, sendo que dentro de 50 anos a população até aos 64 anos cairá para cerca de metade e o índice de envelhecimento de 2052 até 2080 será de 398 e de 413 idosos (respetivamente) por cada 100 jovens.

15 coisas que nos tiram anos de vida

Atualmente existem no Norte 140 idosos por cada 100 jovens, número que compara com os 50 a 60 idosos por cada 100 jovens registados no início da década de 90.

Para além das projeções demográficas para o período 2015-2080, o primeiro boletim “Norte Estrutura” analisou ainda a evolução do mercado de trabalho da região entre 2008 e 2016, tendo concluído que os movimentos migratórios de saída de população têm atuado “como um mecanismo de regulação, primeiro fazendo conter o crescimento do desemprego [entre 2008 e 2013] e depois, inversamente, potenciando a sua redução [entre 2013 e 2016]”.

Segundo os dados hoje divulgados, nos últimos oito anos a evolução do mercado de trabalho a Norte caracterizou-se pela diminuição da oferta de mão-de-obra em resultado do efeito combinado do decréscimo da população residente (em cinco sextos decorrente do saldo migratório), do envelhecimento demográfico e da queda das taxas de atividade em alguns grupos etários.

No período, 69% da redução da população ativa ocorreu entre a mão-de-obra masculina.

Se entre 2008 e 2013 houve no Norte uma destruição líquida de emprego, com as menos 236 mil pessoas empregadas na região a significar que dois em cada 15 empregos desapareceram, entre 2013 e 2016 houve uma inversão de ciclo e foram criados 50 mil empregos líquidos.

A indústria transformadora e o comércio foram os setores cujo nível de emprego exibiu uma evolução “marcadamente cíclica”, em oposição à saúde e educação, que quase não perderam ou mesmo aumentaram o emprego, sendo a tendência negativa do emprego “persistente no setor primário” e apresentado a construção e o alojamento/restauração um efeito tardio da inversão de ciclo, ao apenas começarem a aumentar os níveis de emprego em 2016.

De acordo com a CCDR-N, nos últimos três anos a taxa de emprego (dos 20 aos 64 anos) aumentou ao ritmo médio de 1,6 pontos percentuais por ano na região do Norte – mantendo-se, ainda assim, abaixo da média nacional desde 2002 – sendo que, “se nos próximos quatro anos fosse mantido este ritmo, a região chegaria a 2020 com uma taxa de emprego de 74,5%”.

A inexistência de uma “simetria perfeita” entre as variações do emprego e do desemprego no período permitem concluir que nem toda a destruição de emprego entre 2008 e 2013 se traduziu num aumento do desemprego, assim como nem toda a redução do desemprego de 2013 até 2016 foi por criação líquida de emprego: “A explicação reside na diminuição da população ativa”, por sua vez sobretudo explicada pelo saldo migratório, refere a comissão de coordenação.