"O objetivo fundamental nesta altura é manter o nível, pois é fundamental que não se perca tudo o que se conquistou até agora, para se continuar a manter a modernidade e assimilar as novas técnicas que possam surgir", salientou José Diogo Barata.

O especialista falava aos jornalistas no polo dos Hospitais da Universidade do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que hoje assinalou o Dia Mundial do Rim com uma homenagem ao médico Mário Campos, que dirigiu o serviço de Nefrologia entre 2001 e 2016.

Segundo José Diogo Barata, os últimos 30 anos levaram a nefrologia portuguesa "a um nível fantástico em termos internacionais, de cobertura, da qualidade de tratamento aos doentes e da doença renal crónica".

O presidente do Colégio da Especialidade de Nefrologia da Ordem dos Médicos disse que é preciso "apostar sempre na boa formação, manter os níveis dos hospitais, com boas condições de trabalho, boas capacidades de manter a nefrologia e a formação nos maiores níveis nacionais e internacionais, como se conseguiu ao longo destes anos".

"Em termos internacionais, a formação em nefrologia é das melhores que se pode obter em termos mundiais e isso está garantido", sublinhou o médico, reiterando que é fundamental "manter atualizado este espírito de permanente ligação às coisas novas que aparecem e deixarmos que os jovens que vão aparecendo, que são seguramente de grande qualidade, consigam desabrochar e manter o nível que a nefrologia atingiu atualmente".

Para o homenageado, que foi uma referência futebolista da Académica nos anos 1960 e 1970, a nefrologia "é um serviço que nasceu com o 25 de Abril e se organizou muito bem e hoje, a nível nacional, é provavelmente dos serviços e da especialidade mais bem organizada".

Portugal está entre os 10 primeiros

"Nos transplantes, Portugal está entre os 10 primeiros e já foi o quarto do mundo em transplantes por milhão de habitantes, e o território e a distribuição da nefrologia ao nível nacional é perfeito, não há lista de espera em nada", sublinhou Mário Campos.

Veja também as frases mais ridículas ouvidas pelos médicos

O ex-diretor do serviço de Nefrologia dos CHUC disse ainda que, naquela especialidade, tudo o que não é público é convencionado, "não é privado", salientando que a tecnologia da diálise e os medicamentos que tem surgido ao nível do transplante renal originaram uma grande qualidade de vida "muito grande" do doente renal.

A sessão de homenagem a Mário Campos iniciou-se com a intervenção do diretor do serviço de Nefrologia, Rui Alves, e incluiu ainda as intervenções de Pedro Lopes, do CHUC, e do historiador Alexandre Ramires, que abordou os "Cruzamentos fotográficos na medicina em Coimbra".

Estava prevista a participação do advogado António Arnaut, antigo ministro dos Assuntos Sociais e responsável pela criação do Serviço Nacional de Saúde, mas motivos pessoais inviabilizaram a sua presença.