
O aumento da movimentação de pessoas entre países e continentes fez disparar o número de pragas de percevejos em várias cidades europeias. Lisboa e Porto estão entre as urbes onde o fenómeno está a crescer, com as empresas de controlo de pragas a serem chamadas regularmente para missões de desinfestação, escreve o Jornal de Notícias.
Segundo António Lula, presidente da Divisão de Gestão de Pragas e Saúde Ambiental da Groquifar, o problema é que "só quando as pragas surgem é que as pessoas se preocupam", falhando a aposta na prevenção.
Em Portugal, os primeiros alertas surgiram no verão passado, com alguns habitantes de Lisboa a culparem os turistas que dormem em quartos de alojamento local pelas epidemias. "Não é verdade. [Os percevejos] tanto podem aparecer num albergue de mochileiros, como num hotel de cinco estrelas", garante Quim Sendra, presidente da ADEPAP, a associação de controlo de pragas da Catalunha, citado pelo referido jornal.
"No avião, as malas viajam todas juntas nos porões, abrindo a hipótese de os percevejos saltarem de umas para as outras", acrescenta Angelino Pina, diretor técnico em Portugal da Rentokil Initial, uma multinacional de controlo de pragas.
Para estes responsáveis a aposta em cidades inteligentes, com um planeamento de base, é a única solução: "em muitas construções atuais, por serem demasiado antigas, eliminar as condições propícias ao crescimento de fenómenos destes obrigaria a reformas profundas, o que implicaria investimentos de larga escala", diz António Lula.
DGS descarta problema de Saúde Pública
"Percevejos sempre houve. Há umas alturas em que há mais e outras menos", afirmou, em setembro, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Segundo a subdiretora-geral da Saúde, os casos que a DGS tem conhecimento estão já a ser resolvidos e essa resolução passa pelo recurso a empresas de desinfestação e os devidos cuidados de higiene posteriores.
“O nosso conselho é que nas situações de alojamento em que isso exista contactem uma empresa profissional para uma desinfestação a sério e depois sigam os conselhos dessa empresa no que diz respeito aos cuidados de higiene, de limpeza e arejamento”, afirmou.
Graça Freitas assegura que “não há risco para a saúde pública, até porque o bicho não tem esse impacto negativo na saúde”. "Não é agradável, não é um bom indicador de higiene", acrescentou na altura.
Os percevejos procuram o cheiro humano e aconchegam-se às roupas usadas quando o homem não está por perto, por isso conseguem percorrer grandes distâncias, revelam cientistas num estudo divulgado no ano passado. Tal explica como estas criaturas minúsculas e incapazes de voar conseguem propagar-se de forma meteórica em todo o mundo - apanhando boleia na roupa suja, segundo um estudo publicado na revista Scientific Reports.
"O mecanismo para essa dispersão de longa distância nunca foi testado empiricamente", afirmou à agência de notícias France Presse o coautor do estudo William Hentley, da Universidade de Sheffield. Alguns cientistas deduzem que os percevejos caiam acidentalmente nas roupas ou bagagens depois de se alimentarem de sangue humano e depois sigam dos hotéis para as casas.
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