O médico que está a ser investigado pelo Ministério Público por alegadamente não ter detetado malformações numa bebé nas ecografias que realizou desconhece as anomalias em questão, mas diz tratar-se de uma situação que, “infelizmente”, às vezes acontece.
O caso está a ser investigado pelo Ministério Público e diz respeito a uma criança que nasceu com múltiplas deficiências físicas e mentais, nunca detetadas nas ecografias.
A criança nasceu em janeiro de 2011, após a mãe ser seguida no Centro de Saúde da Amadora, que tem um protocolo com a clínica Rui Machado - Centro de Imagiologia da Amadora e para onde Laura foi encaminhada para fazer as ecografias.
Feitas na clínica privada pelo médico Artur Carvalho, as ecografias eram depois vistas pelo médico do Centro de Saúde da Amadora.
A bebé, atualmente com dez meses, não tem céu da boca, tem uma hérnia no estômago - consequência de uma operação para ser alimentada por sonda - tem malformações na coluna, raramente se mexe ou reage a estímulos, não fala e esteve praticamente toda a sua curta vida internada no hospital.
Os médicos que atualmente a seguem já avisaram os pais que a bebé “não vai ter um prazo de vida longo” e estes querem agora que o médico que realizou as ecografias seja responsabilizado.
Contactado pela Agência Lusa, o médico disse ter conhecimento do caso, mas realçou que não conhece em concreto as anomalias da criança. Adiantou que ainda não lhe foram pedidos esclarecimentos pelo Ministério Público.
“Sei de bebés que nasceram com anomalias, sem ser este caso, e isso infelizmente acontece, apesar de todos os exames médicos que fazemos. Em lado nenhum a segurança é de 100 por cento e às vezes aparecem anomalias. Fiquei muito triste com isso porque o nosso trabalho é exatamente para prevenir essas coisas”, disse Artur Carvalho.
Por outro lado, a diretora do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Grande Lisboa VII – Amadora, a que pertence o Centro de Saúde da Amadora, disse à Lusa que conhece o caso, mas alegou que não se pode pronunciar devido à investigação em curso.
Adiantou apenas que a instituição foi contactada pelo Ministério Público e que já enviou os relatórios e a documentação clínica pedidas.
Por seu lado, a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) disse à Lusa não ter conhecimento do caso em concreto, mas revelou que existem 22 reclamações contra a clínica Rui Machado - Centro de Imagiologia da Amadora, todas elas entretanto arquivadas.
De acordo com a ERS, a referida clínica não tem nos seus quadros nenhum colaborador com o nome de Artur Carvalho.
Junto da Ordem dos Médicos foi possível saber que existem duas queixas contra o médico Artur Carvalho, uma das quais entretanto arquivada.
O médico em questão trabalha em mais dois centros privados e no Centro Hospitalar de Setúbal, do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
29 de novembro de 2011
@Lusa
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