“A redução global do 'numerus clausus', nomeadamente através da extinção do contingente especial de 15% de vagas para licenciados, constitui um imperativo moral para reduzir de forma significativa o número de jovens médicos que anualmente podem ficar sem acesso a uma vaga para formação especializada", considera Miguel Guimarães.

Apesar dos “reiterados alertas” da Ordem dos Médicos e das estruturas representativas quer dos jovens médicos, quer das associações de estudantes de Medicina, “o poder político prefere manter o número excessivo de vagas de anos anteriores sendo, por isso, o primeiro e único responsável pelo degradar das condições de formação nas academias portuguesas e pela criação de um grupo de médicos sem especialidade", sublinha Miguel Guimarães.

O presidente do Conselho Regional do Norte comentava assim o anúncio do número de vagas colocadas a concurso para a primeira fase do acesso ao Ensino Superior, a decorrer até 10 de Agosto, e que estipula um total de 1.441 vagas para os sete cursos de medicina existentes em Portugal.

"Todos os estudos universitários realizados até ao momento são unânimes em afirmar que Portugal forma médicos em número claramente superior às necessidades do País e defendem que o numerus clausus global se deveria situar nas 1.200 a 1.300 vagas", sustenta Miguel Guimarães.

Em comunicado, este responsável refere que "não cabe às universidades assegurar emprego, mas uma das suas principais funções é garantir conhecimento e qualidade na formação pré-graduada".

"Como podemos esperar que isso suceda quando temos faculdades de medicina com centenas de estudantes nas aulas teóricas no mesmo espaço, ou cerca de uma a duas dezenas nas aulas práticas em enfermarias e consultas externas?", questiona.

O presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos lamenta ainda que "o Estado continue a desperdiçar milhões de euros na formação de médicos que depois, por falta de vagas para aceder a uma especialidade médica ou por falta de condições de trabalho, acabem por emigrar, muitas vezes com sacrifícios pessoais e familiares e prejuízo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

"Será uma boa política formar centenas de médicos a mais para os exportar a custo zero para fora do país? E será que os responsáveis políticos não se preocupam com a qualidade da formação clínica dos estudantes de Medicina?", são algumas das questões colocadas pelo presidente do CRNOM.