"O número de camas de internamento é escasso, o pandemónio nas urgências é cada vez mais frequente, o que provoca más condições de atendimento dos doentes e de trabalho para os profissionais, que não conseguem prestar os cuidados que deveriam aos doentes porque estes acumulam-se na urgência, sem possibilidade de serem transferidos para os serviços", afirmou à agência Lusa presidente do distrito médico do Oeste da Ordem dos Médicos.

Questionado pela Lusa, o administrador do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), Carlos Sá, admitiu que "o facto de haver poucas camas cria constrangimentos na urgência", o que levou a instituição a criar mais nove camas no hospital de Peniche para fazer face aos picos de gripe e outras doenças no inverno.

Mas sublinhou que essa realidade já existia antes de ter sido iniciada a reorganização dos serviços hospitalares. Segundo o administrador hospitalar, as mudanças não se refletem na urgência, uma vez que dela dependem serviços, cujas camas não foram reduzidas.

"Na medicina interna, eram e continuam a ser 117, com mais nove em Peniche no inverno. Na cirurgia geral, havia 66 e passámos para 70, por isso aumentámos. Na ortopedia, tínhamos 50 e reduzimos para 43, mas a taxa de ocupação ronda 70%, o que quer dizer que não temos doentes à espera. Na obstetrícia, tínhamos 23 camas e passámos a ter 27. Na pneumologia, tínhamos 18 e passámos a ter 19", justificou.

Até 2012, antes da fusão, os dois hospitais tinham no seu conjunto 428 camas, repartidas pelos vários serviços, número que baixou para 333 em 2014, depois da fusão, concluem os relatórios de atividades desses anos, a que a agência Lusa teve acesso, após o de 2014 ter sido agora divulgado no “site” da instituição.

Sem o hospital de Alcobaça, que deixou de pertencer ao CHO no final de 2013, o número de camas em 2012 seria 365 e hoje são 325, segundo o CHO.

As 40 camas a menos "não penalizam o funcionamento da instituição", disse o administrador, explicando que metade delas eram dos doentes de tuberculose que, em 2013, foram transferidos do hospital do Barro (unidade na periferia de Torres Vedras, onde funcionou o serviço de pneumologia dessa área e que encerrou no final de 2014) para o hospital Pulido Valente, em Lisboa.

Além disso, 13 foram subtraídas na pediatria, após a concentração do seu internamento em Caldas da Rainha, uma vez que não só há crianças a tratarem-se em casa sem precisarem de ficar internadas, como também "a taxa média de ocupação anual do serviço é de 45,9% e não havia necessidade de tantas".

Em meados de 2013, o serviço de ginecologia/obstetrícia e a maternidade, bem como a pediatria/neonatologia fecharam em Torres Vedras e concentraram-se apenas em Caldas da Rainha que, por sua vez viu a ortopedia fechar para passar a existir apenas em Torres Vedras.

Em 2013, parte dos utentes de Alcobaça, num total de 56.494 (16,2% dos utentes), deixaram de estar sob a influência do CHO e passaram para o hospital de Leiria. O CHO serve hoje 293 mil habitantes dos concelhos do Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Óbidos, Peniche, Torres Vedras e parte de Alcobaça e de Mafra.