"À partida [os resíduos italianos] estão identificados já como não perigosos, hoje é uma questão que já não levanta dúvidas", disse à agência Lusa Carlos Martins, que falava à margem do 6.º Encontro Nacional sobre "Gestão de Resíduos", organizado pela Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais (APEMETA), que está a decorrer em Lisboa.

Agora estão a ser feitas mais análises para validar os dados já apurados na primeira campanha e está a ser feita uma caracterização física que demonstrará sobretudo se há materiais passíveis de valorização, acrescentou o governante.

O Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Industriais (CITRI) "encaminhou para a IGAMAOT [Inspeção Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território] a informação que ficou de reportar" das análises que realizou aos resíduos, avançou.

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"Com certeza, a IGAMAOT vai confrontar essas informações com as análises que ela própria mandou fazer, é um processo e procedimento absolutamente normal e não tem qualquer aspeto do ponto de vista ambiental que mereça preocupação", realçou Carlos Martins.

O secretário de Estado do Ambiente respondia a uma questão acerca do ponto de situação da polémica relacionada com a importação pelo CITRI de Setúbal de 2.700 toneladas de lixo de Itália para tratamento, de um total de 20 mil toneladas contratadas.

Após as dúvidas sobre a possibilidade de os resíduos serem perigosos, listadas por vários setores, da população aos partidos da oposição, e embora os ambientalistas da Zero tivessem vindo dizer que o centro tem condições para tratar o lixo, o ministro do Ambiente foi chamado à Assembleia da República para explicar o que estava a acontecer.

No parlamento referiu que estavam a ser feitas novas análises aos resíduos e garantiu não haver razão para os considerar perigosos.

O secretário de Estado insistiu que "o processo corre com inteira normalidade, cumpre as normas do movimento transfronteiriço de resíduos internacionais, europeias e nacionais".

E recordou que, há 20 anos atrás, Portugal não tinha soluções nacionais para tratar o lixo e mandava para Espanha, Alemanha, Bélgica ou França um conjunto de resíduos.

"Hoje, felizmente, Portugal tem uma boa rede de infraestruturas e, em alguns casos, é identificado como um bom destino ambiental para a valorização ou eliminação de alguns resíduos", acrescentou.

Apesar das garantias de que o lixo italiano chegado a Setúbal não é perigoso, o Ministério informou, na semana passada, que a deposição em aterro ficaria suspensa até serem esclarecidas todas as dúvidas.