Os dados fazem parte do relatório do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), segundo o qual a prevalência das Infeções Associadas a Cuidados de Saúde em hospitais baixou, em 2017, para 7,8% e nas unidades de cuidados continuados integrados para 4%, “evidenciando a necessidade de aprofundar a análise a nível local e regional ajustada pelo risco”.

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A Estratégia Multimodal de Promoção das Precauções Básicas em Controlo de Infeção iniciou-se com a análise nas unidades de saúde relativamente à higiene das mãos, considerada a medida “mais eficiente, mais simples e mais económica de prevenir as infeções associadas aos cuidados de saúde”.

Segundo o relatório, a monitorização do cumprimento desta prática pelas unidades de saúde aumentou entre 2013 e 2017, estando atualmente em 61,3% nos hospitais com tutela do Estado, em 19,3% nos hospitais privados e do setor social, em 11% nas Unidades de Cuidados Continuados Integrados e em 34,4% das unidades que prestam Cuidados de Saúde Primários.

O relatório observa duas tendências: por um lado o aumento do cumprimento desta prática “antes do contacto com o doente” (+12,15% face a 2013), “depois do contacto com o ambiente envolvente ao doente” (+10,11%) e “depois do contacto com o doente” (+5,17%) e por outro lado a diminuição “depois do risco de exposição a sangue e fluidos corporais” (-3,96% face ao valor mais elevado; 2015) e “antes de um procedimento assético” (-3,71%).

O documento, apresentado na 4.ª Jornada do PPCIRA, observa ainda “um aumento na qualidade das estruturas das Precauções Básicas em Controlo de Infeção em 12,47% face a 2014.

Na Vigilância das Infeções em Unidades de Cuidados Intensivos a densidade de incidência de Pneumonia associada ao Ventilador por 1.000 dias de entubação baixou 10,81% face a 2013 e a densidade de incidência de bacteriemia por 1.000 dias de cateter reduziu 30,77%.

Relativamente à Vigilância das Infeções do Local Cirúrgico (ILC) a incidência cumulativa de ILC por 100 cidadãos submetidos a cirurgia baixou 12,76% face a 2013, tendo-se observado uma redução de cerca de 58 pontos percentuais na incidência de ILC em cesarianas e em artroplastias do joelho.

Presente nas jornadas, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que “resultantes de múltiplas intervenções, há indicações que Portugal apresenta uma evolução positiva e consistente do controlo das infeções hospitalares associadas aos cuidados de saúde”, mas defendeu que é preciso “fazer mais e fazer melhor”. “O futuro implica revisitar estratégias com uma nova ambição, privilegiando iniciativas integradas, ações conjuntas e múltiplas parcerias”, disse Graça Freitas, destacando a estratégia “Uma só Saúde” que reconhece que a saúde humana, a saúde ambiental e a saúde animal não podem estar dissociadas.

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Segundo Graça Freitas, algumas soluções “serão simples, conhecidas e já praticadas” e requerem intervenções locais, institucionais e pessoais, designadamente “usar prudentemente antibióticos e apenas quando forem necessários”.

Passam também por implementar boas medidas de prevenção de controlo de infeção, incluindo a higiene das mãos, e por rastrear doentes infetados com bactérias multirresistentes e assegurar o seu isolamento. “Outras medidas serão mais complexas” como o desenvolvimento pela indústria farmacêutica de novas moléculas, com novos mecanismos de ação, e de “mecanismos de reorganização e certificação de unidades prestadoras de cuidados em que o controlo de infeção seja requisito essencial” para o seu e “a segurança do doente seja considerada um imperativo”, defendeu Graça Freitas.

Para a diretora-geral da Saúde, “urge uma alteração cultural profunda” com os profissionais e a população a terem que “continuadamente observar boas práticas para prevenir e controlar infeções. Não podemos ser complacentes quando existe potencial para melhorar”, rematou.

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), Fernando Almeida, também defendeu ser necessário “fazer mais alguma coisa” relativamente ao combate às resistências antimicrobianas e às infeções. “Podemos pensar que estamos otimistas, tudo aponta para que as coisas estejam a correr bem, mas isso não é nem deve significar que podemos todos ficar descansados, há muito trabalho a fazer, algumas coisas que têm que melhorar”, sustentou.