"Todos têm direito à greve, tudo bem. Mas em casos destes não se compreende" afirmou à agência Lusa Maria Arminda Bonifácio, da Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão.

A funcionária da instituição, que se encontrava de folga, deslocou-se de propósito ao Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco, com uma utente da Santa Casa, Ilda Barata, de 89 anos.

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"A senhora faz diálise três vezes por semana. Está cheia de dores. Marcaram anteontem [terça-feira] um exame ao coração. Chegámos às 09:30 e disseram-nos que estavam em greve", desabafou.

"Em casos destes não se compreende. Agora, estamos à espera dos bombeiros [ambulância] para nos levar para Vila Velha de Ródão", disse.

Maria Arminda Bonifácio explicou ainda que a resposta que lhe deram foi que terão de aguardar por nova marcação, que não se sabe quando vai ser.

Já Manuel Claro, de 58 anos, transplantado a um rim há cerca de 10 anos, deslocou-se ao HAL, onde chegou às 8:00, e foi atendido.

"Vim fazer análises ao sangue e à urina e fui atendido. Agora estou à espera da consulta que só vai ser às 14:00", afirmou.

Questionado sobre a greve, este utente não quis pronunciar-se, limitando-se a esboçar um sorriso.

"Não posso dizer nada porque fui atendido e até já me marcaram para a próxima semana mais exames", concluiu.

À Lusa, fonte da ULS de Castelo Branco confirmou que a greve está a ter "algum significado" no turno da manhã (das 08:00 às 16:00).

Já o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, disse que segundo as informações disponíveis sobre Castelo Branco, a adesão ronda os 80%.

A greve foi convocada pelas quatro estruturas sindicais que representam os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, sendo que a paralisação deve afetar análises clínicas, meios complementares de diagnóstico e alguns tratamentos.

Os sindicatos alegam que a tabela salarial imposta pelo Governo faz com que cerca de 90% dos técnicos permaneçam na base da carreira toda a sua vida profissional. Além disso, dizem que o sistema de avaliação imposto prolonga a estagnação salarial por mais dez anos.

Argumentam ainda que o Governo violou o acordo firmado com os sindicatos, reduzindo a quota dos que atingem o topo da carreira em 50%.

A paralisação, que se prolonga até às 24:00 de sexta-feira, prevê o cumprimento de serviços mínimos, abrangendo tratamentos de quimioterapia e radioterapia ou os serviços de urgência.

A concentração está prevista para as 14:30 no Marquês de Pombal, em Lisboa, estando programado um desfile até à Assembleia da República.