Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, manifestou “enorme preocupação” com a segunda greve dos enfermeiros às cirurgias programadas, que hoje arrancou e se estende até ao último dia de fevereiro.

Alexandre Lourenço afirma que ma primeira greve “ficou claro que houve efeitos sobre a saúde individual dos doentes” e estima que algumas pessoas que viram a sua cirurgia adiada aquando da primeira greve possam voltar a ser afetados nesta segunda paralisação, até porque há hospitais onde a greve se repete.

Numa primeira fase, até 07 de fevereiro, a greve decorre em sete centros hospitalares e a partir de dia 08 passa a abarcar mais três, num total de dez centros hospitalares.

“A grande questão é que a greve tem efeito sobre doentes que não têm alternativas. Não têm seguro ou subsistema e não podem recorrer a privados. É uma greve profundamente injusta para com os doentes”, afirmou o representante dos administradores hospitalares.

Tal como fez na primeira paralisação, entre novembro e fim de dezembro, Alexandre Lourenço insiste que o Ministério da Saúde tem de divulgar publicamente e numa base diária o número de doentes graves que fica sem acesso a cirurgia.

Apesar de haver serviços mínimos decretados, o administrador hospitalar considera que são insuficientes, tal como já tinha admitido, por exemplo, a Ordem dos Médicos.

“Tem de haver consciência dos efeitos que a greve está a ter nos doentes. Mas não me parece que tenha havido essa sensibilidade”, lamenta o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.

A greve que hoje começou foi convocada pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) e pela Associação Sindical dos Enfermeiros Portugueses (ASPE) e prevê abranger sete centros hospitalares: São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta.

No final da semana passada o Sindepor lançou um novo pré-aviso para alargar a greve a mais três centros hospitalares entre 08 e 28 de fevereiro: Centro Hospitalar de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.

Segundo os presidentes da ASPE e do Sindepor, os principais pontos que separam o Governo e os sindicatos e que não permitiram consenso nas negociações são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.