"Em Coimbra, há uma fortíssima adesão à greve, entre 80 a 90% e, em alguns serviços, será até superior", disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, que acredita que, ao longo do dia, o número poderá vir a aumentar.

Sinal de adesão à greve foi a concentração de largas dezenas de técnicos de diagnóstico e terapêutica hoje de manhã à frente do CHUC, alguns com batas branca e braçadeira negra, que se preparavam para entrar nos autocarros em direção a Lisboa, onde hoje há uma manifestação do Marquês de Pombal até à Assembleia da República.

"Se retirarmos os serviços mínimos exigidos, a adesão é quase de 100%", notou Eliana Conceição, que trabalha no IPO de Coimbra, sublinhando que estes profissionais estão "cansados".

A técnica contou à agência Lusa que está há mais de dez anos na mesma posição, sem qualquer progressão de carreira, referindo que a perspetiva de ter uma subida de 30 euros a cada dez anos no salário leva a que, a médio prazo, passe a receber aquilo que será o salário mínimo no futuro.

Vera Fernandes, do serviço de radioterapia do IPO, criticou também a ausência de progressões e a não contabilização do tempo de serviço: "Alguém com mais de dez anos está na mesma posição que alguém que começou agora".

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram hoje às 00:00 o primeiro de dois dias de greve nacional por falta de acordo com o Governo sobre matérias relativas às tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação.

À entrada do IPO de Coimbra, alguns utentes disseram à agência Lusa que não sentiram qualquer efeito da greve.

Também no CHUC, utentes disseram à Lusa que estava "tudo normal", sem atrasos nem confusões.

A greve, que se prolonga até às 24:00 de sexta-feira, prevê o cumprimento de serviços mínimos, abrangendo tratamentos de quimioterapia e radioterapia ou os serviços de urgência.

Para hoje à tarde está agendada uma manifestação que o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde estima que seja "a maior manifestação alguma vez feita por estes profissionais".