A atual situação económica e social da Grécia tem provocado uma crescente pressão psicológica na população, registando-se um aumento de perturbações psicológicas que podem perdurar para além do fim da crise, advertiram hoje especialistas gregos.

Num artigo publicado hoje no Financial Times (FT), vários especialistas gregos em psiquiatria e psicologia afirmam que todos os tipos de perturbações psicológicas têm aumentado, como a ansiedade, a depressão, os abusos e comportamentos antissociais, e que estes afetam todas as idades.

A elevada taxa de desemprego na Grécia, superior a 25%, e a incerteza económica são considerados fatores determinantes para o aumento das perturbações psicológicas, que poderão “perdurar por muito tempo”.

Na cidade de Piraeus, que foi particularmente atingida pela crise, entre 2006 e 2011, “subiu para 51% o número de crianças e adolescentes doentes, que muitas vezes sofrem com a pressão psicológica dos pais”, refere o FT.

“Mesmo as pessoas que têm dinheiro estão deprimidas”, afirmou um especialista ao jornal.

A taxa de suicídio, que, de acordo com dados oficiais, subiu 37% entre 2009 e 2011, aparece como sendo a consequência “mais angustiante” da tensão psicológica.

Especialistas em saúde pública alertam também que os números de suicídios poderão não ser reais devido à vergonha e ao estigma.

Do ponto de vista psicológico, salienta o jornal, um dos maiores problemas prende-se com a duração da crise, que produziu “cinco anos de recessão sem fim à vista”, sendo esta “incerteza do seu fim um tormento psicológico” para a população.

“Esta situação provoca stress crónico e este tipo de stress é pior do que o agudo”, adverte um outro especialista.

Apesar dos gregos “beneficiarem de laços invulgarmente estreitos dentro das famílias”, que lhes permite criar uma rede própria de apoio informal, a crise, de acordo com um psicólogo, “tem provocado uma neurose típica grega: um medo sempre presente”.

28 de dezembro de 2012

@Lusa