“Os resultados dos testes e exames de diagnóstico são essenciais para definir o tratamento mais adequado e reduzir os custos com tratamentos futuros”, sublinhou Fernando Araújo.

Por estes motivos, o especialista diz que “é evidente que um aumento de investimento neste setor de atividade traz benefícios clínicos e económicos, com impacto na qualidade de vida do doente e na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde”.

O responsável falava a propósito do encontro “Diagnostics Matters”, que se realiza sexta-feira no Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa, em Gondomar.

De acordo com a organização, cerca de uma centena de especialistas irá debater esta realidade e analisar os desafios da gestão laboratorial no contexto do sistema de saúde nacional.

Investimento representa 2% dos custos

“Alertar para a problemática da subvalorização do setor dos diagnósticos em Portugal e incentivar o investimento nesta área, através da aquisição de equipamentos de qualidade e que garantam resultados eficazes”, são os objetivos deste evento.

Para Francisco Rocha Gonçalves, vogal do conselho de administração do IPO/Porto, outro dos especialistas que irão participar no evento, “nem sempre conseguimos estar perante uma situação em que é tão claro que com uma única orientação, se possam aumentar os ganhos em saúde e na sustentabilidade do SNS”.

“Neste caso, a maior qualidade da informação dada por dispositivos, nomeadamente de diagnóstico, significa mais segurança, eficácia e menos custos numa ótica centrada no doente. Por isso alinha as perspetivas dos doentes, dos pagadores e da indústria, incluindo a nacional”, acrescenta o oncologista.

Dados disponibilizados pela organização do “Diagnostics Matters” referem que, atualmente, “cerca de 70% das decisões clínicas são tomadas tendo por base os resultados de testes de diagnóstico, embora o investimento neste setor de atividade represente apenas 2% dos custos de saúde”.

“Esta realidade é agravada pelos cortes orçamentais que visam reduzir as despesas para o Serviço Nacional de Saúde. Mais do que um custo, os meios complementares de diagnóstico são um investimento que não deve ser descurado pelas entidades governamentais”, defendem os organizadores.

Em alguns casos, acrescentam, “o uso destes métodos permite reduzir 30-50% dos custos em internamento hospitalar e em gastos de ambulatório, por detetar as principais alterações no estado de saúde de um doente e permitir ajustar o tratamento”.