"As mais recentes definições da síndrome metabólica incluem glicemia elevada em jejum, pressão arterial alta, obesidade abdominal, níveis séricos de triglicéridos elevados e de HDL [conhecido por "bom colesterol"] diminuídos", explicou à Lusa o investigador Luís Raposo, da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUNit) do ISPUP.
De acordo com o especialista, a síndrome está presente quando três ou mais desses componentes são encontrados num indivíduo, variando a percentagem de população afetada de acordo com as três diferentes definições da doença utilizadas atualmente.
Esta condição, continuou o investigador, confere aos afetados um risco acrescido de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes do tipo 2.
A investigação foi desenvolvida no âmbito do projeto PORMETS, um estudo decorrido entre fevereiro de 2007 e julho de 2009, com o objetivo de determinar a prevalência da síndrome metabólica e as suas determinantes em Portugal Continental e nas suas regiões administrativas.
Para obtenção dos dados, foram avaliados 4.004 participantes (2.309 do sexo feminino e 1.695 do sexo masculino), selecionados aleatoriamente nos centros de saúde dos 18 distritos de Portugal Continental, aos quais foi aplicado um questionário para recolha de dados clínicos e variáveis sociodemográficas e comportamentais.
Foi ainda realizada uma avaliação antropométrica (peso, altura, perímetro da cintura e da anca) e da pressão arterial e uma colheita de sangue para análise do colesterol, dos triglicerídeos, do HDL, da glicose, da proteína C-reativa (hs-PCR) e da insulina.
Segundo o investigador, as conclusões mostram que os indivíduos residentes nos distritos de Vila Real e Leiria apresentam maior prevalência de síndrome metabólica, enquanto os de Bragança e Beja registam valores mais baixos, em relação à média nacional.
Luís Raposo destacou ainda uma maior prevalência da síndrome nos participantes que residiam em áreas não urbanas, havendo necessidade de investigações mais aprofundadas para serem determinadas razões que levam a essa situação.
As conclusões apontam ainda para uma maior prevalência da síndrome no sexo feminino, nos idosos e nos participantes classificados como “domésticas”, “reformados” e “desempregados” em relação à sua ocupação, resultado que, para o especialista, pode ser justificado por fatores socioeconómicos.
Em contrapartida, verificou-se uma menor prevalência nos participantes que referiram realizar exercício físico regular.
Para o investigador, as taxas elevadas de obesidade, de hipertensão arterial e de diabetes do tipo 2 são os fatores que mais contribuem para a dimensão atual deste "grave problema de saúde pública".
"O envelhecimento e a tendência para o aumento da frequência de obesidade na nossa população poderão vir a contribuir para um agravamento futuro do problema. Pensamos que o combate à obesidade e ao sedentarismo deve ser uma prioridade", concluiu.
O estudo "The prevalence of the metabolic syndrome in Portugal: the PORMETS study", no qual participaram ainda os investigadores Ana Cristina Santos, Milton Severo e Henrique Barros, foi publicado recentemente na revista "BMC Public Health".
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