"O miolema múltiplo é um tipo de tumor maligno, que origina lesões ou perda óssea. Essa perda óssea leva a um aumento do nível de fraturas e à uma diminuição da qualidade de vida dos doentes", disse à agência Lusa Maria Inês Almeida, investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

O nosso objetivo é, por um lado, travar o processo de proliferação das células do mieloma, que são malignas, ao mesmo tempo que iremos procurar encontrar terapias para essas lesões ósseas

Com o financiamento proveniente da 2.ª edição da Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo, promovida pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), pela Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) e pela Amgen Biofarmacêutica, a equipa pretende desenvolver uma nova linha de investigação, de forma a "desvendar os mecanismos subjacentes à doença óssea no mieloma múltiplo".

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 "O nosso objetivo é, por um lado, travar o processo de proliferação das células do mieloma, que são malignas, ao mesmo tempo que iremos procurar encontrar terapias para essas lesões ósseas, de forma a aumentar a sobrevida dos doentes e a sua qualidade de vida", contou a investigadora.

Estudar as moléculas que regulam os genes

Para tal, a equipa vai explorar o envolvimento dos microRNA's - pequenas moléculas que regulam os genes e que estão envolvidas no início e na progressão do mieloma múltiplo - na comunicação entre os diferentes tipos de células existentes no osso, em caso da doença.

As células do mieloma múltiplo, explicou, proliferam sem controlo e têm origem na medula óssea, sendo capazes de alterar o microambiente ósseo, causando um aumento da atividade das células responsáveis pela reabsorção do tecido ósseo.

Essa reabsorção do tecido ósseo, continuou, "não é acompanhada pela formação de novo osso, levando, assim, a um desequilíbrio do microambiente ósseo".

Segundo a investigadora, outro dos objetivos do projeto, que está na fase inicial, é utilizar os mircroRNAs como ferramentas de diagnóstico, recorrendo a amostras de doentes, nas das quais serão analisados os níveis dos microRNA's no sangue e na medula óssea.

Este segundo trabalho será realizado em colaboração com Herlander Marques, médico oncologista do Hospital de Braga e investigador do Cintesis - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, e de Susana Santos e Mário Barbosa, ambos do i3S.

De acordo com Maria Inês Almeida, a bolsa atribuída vai permitir desenvolver uma nova linha de investigação, aliando o estudo da biologia e do microambiente ósseo à oncologia, numa lógica conjunta de terapia e de diagnóstico.