"Aqui, na Madeira, o Sindicato dos Enfermeiros não decretou greve porque os objetivos ou as razões desta greve têm a ver com os compromissos assinados em 2017, em que o Governo da República assumia que, até 01 de julho, iria passar das 40 para as 35 horas [de trabalho semanal] a nível nacional”, explicou o presidente do Sindicato dos Enfermeiros na região, lembrando que a situação já foi resolvida na Madeira em 2015.

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“Também havia o compromisso nacional de, até 01 de julho, o Governo admitir 1.500 enfermeiros para suprir as necessidades de redução de horário e não o fez", referiu Juan Carvalho.

"Na Madeira há, neste momento, um concurso a decorrer para admissão de 64 enfermeiros com a possibilidade de, nos próximos 18 meses, entrarem mais 200 e tal enfermeiros. Por isso, as razões que levam os enfermeiros a nível nacional a fazer greve são diferentes das que existem, neste momento, na Madeira".

Greve até às 24h

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) marcou para hoje uma greve das 08:00 às 24:00 para pedir a contratação de mais enfermeiros para compensar a passagem do regime de 40 para 35 horas semanais a partir de 01 de julho.

A presidente do SEP, Guadalupe Simões, disse à agência Lusa que se não forem contratados mais enfermeiros, "pode ser posto em causa o regular funcionamento dos serviços", em que os enfermeiros já trabalham "sistematicamente mais 40 e 60 horas do que é o seu horário" para compensar a "carência estrutural de profissionais".

O SEP espera que a greve "seja mais uma vez uma demonstração clara que tem de haver uma inversão por parte do Ministério da Saúde e do Governo" porque "não há quem aguente isto por muito mais tempo".

A partir de 01 de julho, os enfermeiros com contrato individual de trabalho vão voltar às 35 horas semanais de trabalho em vez das 40 atuais, o que, segundo as contas do SEP implica que serão precisos "1.976 enfermeiros" para compensar a redução de horas destes profissionais para manter tudo a funcionar.

No entanto, a dias dessa mudança, continuam por confirmar as contratações pedidas pelas instituições, que deviam já estar asseguradas "para que a transição pudesse acontecer com o menor ruído possível".

Mesmo que se confirmem até ao fim da semana, "os profissionais vão começar a trabalhar sem períodos de integração" e "é uma incógnita o que se vai passar na próxima semana", alertou.

Com menos horas, vão faltar pessoas para assegurar todo o serviço.

Além desta questão, há uma falta de enfermeiros mais profunda, que tem a ver com "o desinvestimento e os cortes na área da saúde", com efeitos negativos nos salários e carreiras que levaram "muitos enfermeiros a sair do país".

Para os que ficaram, isso significou "mais pressão", com mais horas de trabalho e um aumento do absentismo.