Nas portas de entrada do Centro de Saúde de Santa Maria, em Bragança, sobressaem os avisos da greve, porém no interior do edifício a Lusa constatou que os serviços estão a decorrer normalmente, assim como no Hospital de Bragança, o maior do distrito transmontano. Em várias localidades do país, a adesão à paralisação ronda os 100%.

Por volta das 10h00, o painel das senhas marcava o número 78 na área onde são realizados exames complementares de diagnóstico como análises e raio X e nos pisos de consultas o atendimento estava a ser feito de forma “rápida”. “Até estão a chamar rápido”, afirmou, André Amaral, que foi hoje marcar uma consulta ao médico de família e, enquanto esteve no local observou que “foram chamadas várias pessoas para a consulta”.

Num piso inferior do Centro de Saúde, o casal Leonel e Antónia Pires, já tinham feitos análises e aguardavam pelo raio-x. “Aqui tem estado tudo a funcionar”, garantiu Antónia, acrescentando: “ainda bem” por que para quem se desloca das aldeias, como este casal fez a viagem de Rio Frio, “não é nada bom” chegar e não ser atendido.

Maria Teresa Xavier estava surpreendida hoje de manhã na sala de espera das consultas externas do Hospital de Bragança, mas por ver tão poucos doentes”. Espera encontrar a sala mais cheia. Só soube da greve já em viagem de Mogadouro para Bragança, a acompanhar o marido para uma consulta de especialidade. Ainda assim, confirmou não ter encontrado dificuldades, pois já tinham confirmado a consulta nos serviços administrativos e aguardavam apenas pela chamada do médico.

Não foram sentidos constrangimentos de maior

Contactada pela Lusa, a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, informou, através do Gabinete de Comunicação, que “não foram sentidos constrangimentos de maior” com a greve.

A responsável por todos os serviços de saúde na região, indicou que “a taxa de adesão à greve foi de 12%” em todo o distrito de Bragança. Das consultas programadas para o dia de hoje “foram realizadas 90%”, segundo ainda aquela entidade.

Os trabalhadores da saúde estão hoje a cumprir uma greve a nível nacional para reivindicar a admissão de novos profissionais, exigir a criação de carreiras e a aplicação das 35 horas semanais a todos os funcionários do setor.

Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, a paralisação pretende ainda reclamar que terminem os cortes nos pagamentos das horas de qualidade e do trabalho suplementar.

A criação da carreira de técnico auxiliar de saúde é um dos motivos centrais da greve, que pretende ainda a revisão e valorização das carreiras de técnicos de diagnóstico e terapêutica e a garantia de que a carreira de técnico de emergência pré-hospitalar tem de imediato a respetiva revalorização salarial.

É ainda reivindicado o pagamento do abono para falhas e a aplicação do vínculo público de nomeação a todos os trabalhadores do SNS.

Sobre a exigência da admissão de mais trabalhadores, a Federação de Sindicatos estima que estejam em falta no SNS cerca de seis mil funcionários auxiliares e administrativos.

A greve abrange todos os trabalhadores de saúde, mas é destinada a todos os trabalhadores da saúde que não sejam médicos ou enfermeiros, apesar de estes profissionais poderem aderir caso o entendam.