“Neste momento as medidas são suficientes. Foi o risco de saúde pública existente que determinou a adoção das medidas”, disse Francisco George, durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde, na qual respondia aos deputados sobre quais os riscos de a epidemia do vírus Ébola entrar em Portugal e sobre qual a preparação para fazer face a essa eventualidade.
O responsável explicou que todos os intervenientes que possam vir a estar diretamente envolvidos com casos importados estão preparados, referindo as linhas telefónicas que fazem a triagem e encaminhamento, a equipa do Instituto Ricardo Jorge, os três hospitais de referência (Curry Cabral, Estefânia e São João), três bases de ambulância em Lisboa, Porto e Coimbra, com 12 tripulantes equipados e de prontidão, bem como a equipa de resgate nacional, pronta para ir buscar portugueses a qualquer parte do mundo.
Além disso, adiantou que vai ser expandida formação para todos os profissionais do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e que foi desenhado um programa para voluntários portugueses, que estão a ter formação, ainda antes de se saber se virão a ser necessários ou não.
Para Francisco George é preocupante as tomadas públicas de posição de entidades como alguns sindicatos, que se queixam de falta de preparação para combater o Ébola, e do colégio da especialidade de saúde pública da Ordem dos Médicos, que emitiu um comunicado considerando que o risco teórico de haver casos de Ébola em Portugal é alto, devido ao posicionamento de Portugal como país integrante dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
“A Ordem dos Médicos e os sindicatos deviam ter tido o esforço de ir ver a situação epidemiológica e evitar alarmar a população sem justificação”, afirmou, numa referência à falta de informação sobre quais os reais riscos que Portugal corre.
Francisco George sublinhou que nenhum país africano de língua oficial portuguesa e com relações estreitas a Portugal tem atualmente casos de Ébola, especificando que "nenhum país lusófono tem cadeias abertas de transmissão”.
“O risco aumenta com o descontrolo da epidemia naqueles países [Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria]. Cada vez que há mais casos naqueles três países maior é a probabilidade de importarmos. Neste momento admitimos a eventualidade de podermos ter um, dois ou três casos importados até final de outubro, mas que serão de tal forma tratados que casos secundários não deverão acontecer”, sublinhou.
Sobre a contestação de alguns sindicatos, como o dos inspetores do SEF - que receberam formação, mas consideraram-na insuficiente, reclamando equipamento especializado para os funcionários nos aeroportos –, Francisco George disse que a máscara e as luvas apenas dão “falsa sensação de segurança”.
“Algum país recebe visitantes com equipamento de escafandro? Em rigor, para proteger a população portuguesa nós precisávamos de 10,5 milhões a andar de escafandro”, disse.
O responsável sublinhou que o país “está bem preparado” e citou um jornal diplomático que “diz que Portugal é o mais bem preparado”.
"Se isto correr mal, a responsabilidade é nossa e nós responderemos por isso", frisou.
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