20 de fevereiro de 2014 - 15h33
O diretor-geral da saúde defendeu hoje regras mais exigentes na qualidade do ar interior dos edifícios, pois os poluentes, principalmente o tabaco, são causa de morte prematura antes dos 70 anos e da prevalência de asma nas crianças.
"É absolutamente essencial caminharmos no sentido de revermos a nossa lei para sermos mais exigentes com a qualidade do ar interior que todos respiramos, incluindo as crianças", disse hoje Francisco George.
Falando aos jornalistas no final da conferência "A integração da qualidade do ar interior e da eficiência energética em edifícios", organizada pela Ordem dos Engenheiros, o responsável referiu estimativas a apontar para que 80% do tempo diário dos portugueses é passado a respirar ar interior.
Dormem, estão em casa, trabalham, estão na escola, na fábrica, no centro comercial ou no cinema, por isso, "a qualidade do ar interior é essencial", afirmou.
"Sabemos que a principal fonte que polui o ar interior que respiramos é o fumo do tabaco, quer para os que fumam de forma ativa, quer para aqueles que não estão a fumar, mas que acabam por [inspirar] em segunda mão o fumo dos outros e representa um risco para eles", explicou Francisco George.
Fumo do tabaco entre principais causas de morte
Por outro lado, "23% dos portugueses morrem antes de atingir os 70 anos e reconhecemos que são doenças como o cancro, cerebrovasculares e cardiovasculares as principais causadoras da morte prematura, antes do tempo, e a causa principal destas causas é o fumo do tabaco", avançou o diretor geral da Saúde.
"Temos, portanto, de reduzir a exposição ao tabagismo, quer as partículas ambientais que resultam da queima da folha do tabaco, quer o tabagismo em si, de forma ativa", realçou.
Durante a sua intervenção na conferência, Francisco George referiu-se à taxa de prevalência de asma em crianças até aos 12 anos, que em Portugal é alta, 11% tem quadros de atopia ou asmatiformes, o que relacionou com a qualidade do ar interior.

Muitas vezes o ar que "inevitavelmente" todos respiram em ambientes fechados está poluído, o que depende de fatores como a qualidade do ar exterior, deficiências na ventilação, tabaco, sobrelotação ou emissão de fibras, como amianto, presença de substâncias sintéticas, tintas, chumbo ou agentes microbiológicos.
Francisco George recordou que está anunciada para princípio de maio a nova diretiva sobre fabrico, comercialização e rotelagem do tabaco e que Portugal vai ter de concretizar a transposição em dois anos.
"Vamos iniciar o processo de revisão da nossa lei naquilo que colide com a nova diretiva para pôr em conformidade" e as novas indicações "vão no sentido do maior rigor", avançou.
"Vamos desenvolver propostas que visam proibir o fumo do tacabo em espaços públicos fechados", salientou o responsável.
A Quercus, que também participou na conferência, já transmitiu preocupação com as recentes alterações na lei que "esquecem" a prevenção no que respeita à qualidade do ar interior, o que classifica de "retrocesso" na procura de um ambiente mais saudável.
SAPO Saúde com Lusa