
“As declarações da senhora bastonária da Ordem dos Enfermeiros reforçam e evidenciam a necessidade, urgente e inadiável, de regulamentar a morte assistida”, refere a comissão coordenadora do movimento “Direito a morrer com dignidade” numa nota enviada à agência Lusa.
Para o movimento que defende a despenalização da morte assistida, as declarações da bastonária Ana Rita Cavaco confirmam a necessidade de debater com clareza e transparência “aquilo que hoje é demasiado opaco no domínico dos procedimentos clínicos a doentes sem esperança de cura e em sofrimento insuportável não suscetível de ser aliviado”.
No sábado, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros deu a entender, no programa "Em nome da lei", da Rádio Renascença, que a eutanásia pode ser já de alguma forma praticada nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, o que provocou críticas por parte da Ordem dos Médicos e pedidos de averiguação por parte do Ministério da Saúde.
"Vivi situações pessoalmente, não preciso de ir buscar outros exemplos. Vi casos em que médicos sugeriram administrar insulina àqueles doentes para lhes provocar um coma insulínico. Não estou a chocar ninguém, porque quem trabalha no SNS sabe que estas coisas acontecem por debaixo do pano, por isso, vamos falar abertamente. Não estou a dizer que as pessoas o fazem, estou a dizer que temos de falar sobre essas situações", afirmou.
O ministro da Saúde pediu entretanto à Inspeção-geral das Atividades em Saúde uma intervenção com caráter de urgência, na sequência destas declarações.
A Ordem dos Médicos anunciou também que quer apresentar uma participação ao Ministério Público e à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde contra a bastonária dos Enfermeiros.
Mais de sete mil pessoas assinaram já a petição pública pela despenalização da morte assistida apresentada há cerca de uma semana pelo movimento cívico “Direito a morrer com dignidade”.
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