Pela primeira vez, desde 01 de março (778 óbitos), o Brasil registou menos de 900 mortos num único dia, segundo o Ministério da Saúde brasileiro. Contudo, os dados de hoje não incluem os números registados no Estado do Ceará, que, por problemas informáticos, não conseguiu comunicar as vítimas mortais e diagnósticos positivos que somou nas últimas 24 horas.

Além disso, os números registados aos domingos e segundas-feiras costumam ser inferiores aos registados nas semanas anteriores, uma vez que a falta de recursos humanos para testar e recolher dados durante os fins de semana têm impacto nos números apresentados, sendo que estes acabam por ser consolidados às terças-feiras, segundo explicações da própria tutela.

O Brasil, país latino-americano mais atingido pelo coronavírus, ocupa a segunda posição mundial na lista de nações com mais mortes e a terceira com mais casos.

Geograficamente, o Estado de São Paulo é o mais afetado pela pandemia, tendo chegado aos três milhões de casos de infeção (3.006.250) desde que o primeiro caso foi registado no país, em fevereiro do ano passado. Face ao número de vítimas mortais, esse total ascende a 100.854.

Se São Paulo fosse um país, estaria em 9º lugar no ranking mundial de países com maior número absoluto de mortes por covid-19, atrás da Alemanha e Espanha, por exemplo, e em 12º na lista de nações com mais casos.

No momento em que o processo de vacinação contra a covid-19 no Brasil ainda avança a um ritmo lento, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse hoje que a lentidão e incerteza face ao envio do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) por parte da China, e que é necessário para produção da vacina Coronavac, podem afetar o cronograma de imunização no país a partir de junho.

A informação foi partilhada com a imprensa durante o anúncio da entrega de dois milhões de doses do imunizante Coronavac, da chinesa Sinovac e produzido no Brasil pelo Butantan.

“Para maio, temos a entrega das doses desta semana e, a partir daí, não teremos mais vacinas, porque não recebemos o IFA. Então, aguardamos a chegada desse material para que isso possa ser processado. Situação parecida com essa também é enfrentada pela Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz, que produz a vacina Oxford/AstraZeneca], que a informação que eu tenho é que não teve o seu IFA libertado. Isso preocupa muito, porque o cronograma de vacinação, a partir de junho, poderá sofrer algum impacto”, assumiu Covas.

Quer o governador de São Paulo, João Doria, quer Dimas Covas, responsabilizam o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, pelo atraso no envio do ingrediente, devido aos ataques que o mandatário fez recentemente à China, em que insinuou que o novo coronavírus pode ter sido criado em laboratório para uma “guerra química”.

“Já existem 10 mil litros de consumíveis prontos na Sinovac aguardando autorização do Governo da China para embarque, e cada vez que manifestações são feitas aqui de forma desagradável em relação à China, isso cria dificuldades para o embarque desses consumíveis para o Brasil”, afirmou Doria.

“É muito claro que há uma limitação determinada pelo Governo da China dadas as circunstâncias das constantes manifestações inapropriados inadequadas e absolutamente inoportunas do Governo brasileiro através das suas autoridades”, advogou Dimas Covas.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.294.812 mortos no mundo, resultantes de mais de 158,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.