“Continuemos unidos neste momento dramático”, apelou hoje Giuseppe Conte num discurso na Câmara dos Deputados, consultada – tal como as regiões italianas — sobre um novo decreto de medidas de combate à propagação do vírus que provoca a covid-19.

“A prioridade é a defesa da saúde”, afirmou ao declarar-se plenamente consciente da “ira dos cidadãos”, referindo-se às violentas manifestações dos últimos dias contra mais restrições, em algumas cidades do país.

Segundo Conte, este não é o momento para impor um segundo confinamento geral em Itália, mas o Governo pretende adotar, a nível nacional, “limites à circulação de pessoas à noite”.

A Itália vai distinguir “três zonas de risco” que terão medidas restritivas de gravidade gradual.

A colocação de uma região numa dessas categorias será decidida pelo Ministério da Saúde, levando em consideração o índice de transmissão do vírus, a presença de focos de contágio e a taxa de ocupação de camas nos hospitais.

As viagens para regiões de risco serão limitadas, exceto por motivos de saúde, trabalho ou estudo.

Além disso, o país também prevê introduzir outras medidas a nível nacional como mais ensino à distância, capacidade máxima reduzida para 50% nos transportes públicos, encerramento de centros comerciais aos fins de semana, encerramento de museus e exposições e proibição de jogos de vídeo em bares e cafés.

Há uma semana, a Itália fechou os cinemas, teatros, ginásios e piscinas e proibiu os restaurantes e bares de receberem clientes depois das 18:00.

“Ontem [no domingo] 1.939 pessoas estavam nos cuidados intensivos”, ou seja, “um pouco mais da metade das camas ativadas” em Itália, apontou o chefe do Governo os deputados.

“A situação é grave em todo o território nacional”, mas mais particularmente em algumas regiões, acrescentou.

A Itália registou no domingo 27.907 novos casos de infeções em 24 horas, elevando o total de casos para 709.335 desde o início da pandemia, segundo o Ministério da Saúde.

O número de mortes com covid-19 entre sábado e domingo foi 208, passando a um total de 38.826 óbitos.

O país, que chegou a ser o epicentro da pandemia na Europa, voltou a ter menos de 30.000 novas contaminações diárias, após dois dias a ultrapassar essa fasquia, mas a redução pode dever-se também a uma diminuição no número de testes: 183.457, no sábado, comparando com 215.085, na sexta-feira.

A Lombardia é a região mais afetada pela pandemia, com 8.607 novas infeções, seguida da Campânia (3.860), Toscana (2.379), Lazio (2.351) e Veneto (2.300).

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.