“A ideia é comparar o potencial anti-inflamatório das plantas medicinais com o de medicamentos convencionais”, anunciou a bióloga e investigadora Raquel Matavele.

A pesquisadora falava na quarta-feira, durante uma conferência de imprensa no INS, na província de Maputo, onde avançou que o prémio de 50 mil dólares (42,5 mil euros), oferecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), vai ser usado na pesquisa.

Segundo a cientista, será avaliado o nível de toxicidade e a concentração de substâncias num conjunto de plantas ainda em identificação.

“Depois de identificarmos a faixa de concentração que não é tóxica para as células do organismo humano, faremos experiências para avaliar a atividade anti-inflamatória”, acrescentou.

Além de plantas, vai ser feita uma pesquisa em “bactérias que vivem no corpo humano para aferir se o seu perfil pode estar associado ao desenvolvimento da doença”.

“O objetivo é compreender melhor como a doença evolui numa pessoa infetada, porque temos pessoas que não desenvolvem a doença e outras com sintomas ligeiros a severos”, referiu.

A data para o início do estudo aguarda aprovações regulamentares.

Raquel Matavele é uma das 15 investigadoras de África e Ásia vencedoras do prémio Early Career Fellowship, iniciativa da UNESCO, ao qual concorreu com um projeto relacionado com potenciais tratamentos para covid-19 em populações residentes nas zonas tropicais de África.

A investigadora moçambicana é licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Eduardo Mondlane, mestre em Biologia Celular e Molecular pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz, no Brasil, e doutorada em Ciências Biomédicas pela Universidade de Antuérpia, na Bélgica.

Raquel Matavele é coordenadora do programa de Doenças Endémicas de Grande Impacto Sanitário no INS.

Moçambique regista um total acumulado de 9.494 casos de covid-19 com 68 mortos e 6.812 recuperados (71% do total).